Como é próprio de eleições gerais, as atenções se voltam principalmente para a disputa presidencial, o que não é surpresa diante não apenas da relevância do cargo, mas também pelo potencial de engajamento que transfere para os demais postulantes. No entanto é necessário ampliar a discussão para os estados e também para a formação dos legislativos.
A sucessão nos estados é estratégica, e, no caso dos mineiros, embora não haja formalização de candidaturas – o que só deve acontecer nas convenções -, a polarização entre o governador Romeu Zema (Novo) e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) já não está tão certa como há alguns dias. A janela partidária mexeu no xadrez político, e a entrada do senador Carlos Viana (PL) na disputa, com aval do presidente Jair Bolsonaro, pode mudar a correlação de forças.
Tudo é possível, inclusive nada, mas as alianças serão estratégicas para definição do cenário no Estado. O governador Romeu Zema, pule de dez até o início do ano, enfrenta a concorrência de um ex-prefeito bem avaliado e de um senador que se antecipou e trouxe o presidente para seu palanque. Kalil flerta com o PT, mas vai depender da candidatura ao Senado. O ex-presidente Lula só sobe no seu palanque se o deputado Reginaldo Lopes, e não o atual senador Alexandre Silveira, for o candidato.
O governador Romeu Zema, ao fugir da polarização nacional, corre o risco de ficar sem um palanque forte e ainda enfrenta a ameaça do PSDB, que admite lançar candidatura própria ao Governo. Os tucanos se sentem desprestigiados pelo governador, que até agora não falou ao seu vice, Paulo Brant, que o seu parceiro de outubro deve ser o presidente da Assembleia, Agostinho Patrus.
É fato que muita coisa ainda vai acontecer, sobretudo após a consolidação das federações, no dia 31 de maio, mas o eleitor, que ainda não se engajou na campanha, deve ficar atento aos desdobramentos de todas essas conversações, pois é o futuro do estado que está em jogo. O natural distanciamento das eleições estaduais e para os quadros legislativos é um problema a ser reparado, pois ambos são fundamentais para o próprio processo democrático.
Juiz de Fora, por exemplo, já tem uma extensa lista de candidatos a deputado – federal e estadual -, mas pouco se sabe das suas intenções. Mesmo não oficializados nas convenções, eles já estão nas ruas, e ignorá-los é um risco, pois são eles – como os vereadores na instância municipal – os responsáveis pela fiscalização dos governadores e da Presidência da República, além de terem a prerrogativa de elaborar leis.