A pandemia do coronavírus, em alguns países em sua fase mais crítica e em outros ainda por chegar, é o principal desafio do século XXI não só pelos fatos em si, mas pelas consequências que ainda estão por vir. Hoje, o quadro trágico de mortes e contaminação está no centro do debate, e não tem como ser diferente, mas já há discussões sobre como será o amanhã não apenas sob o viés econômico, mas nas próprias relações humanas. Serão as mesmas? Hoje é impossível ter essa resposta, mas já é possível fazer algumas previsões.
Na economia, em vários setores, esse futuro já chegou, bastando ver novos modelos de negócios ora implementados para superar a crise. O trabalho em casa certamente será ampliado, sobretudo em consequência do avanço tecnológico, que permite interações permanentes (ou até maiores) em substituição à presença física, sem perda da qualidade do trabalho.
Os serviços on-line ganharão ênfase. Caso típico do delivery, que se tornou a alternativa para atendimento à população ora, necessariamente, isolada. Mas não é só a entrega de produtos que mudou de perfil. Várias atividades estão sendo executadas por meio de aplicativos em maior escala. E aí há o problema de acesso. No Brasil, ainda há um expressivo contingente de pessoas sem meios para bancar as novas tecnologias e outro tanto que não sabe utilizá-las por mais amigáveis que sejam.
O serviço público também passará por nova modelagem, sobretudo nos setores burocráticos que ora demandam um modelo arcaico de processos, que, certamente, serão mudados para garantir agilidade com menor custo.
A criatividade surge nas crises, e ela será o desafio a ser buscado, para garantir a superação de um cenário sem precedente nos tempos modernos.
A pandemia também nos revela um quadro de excessos, que, agora, será revisto em várias instâncias. Mas só o tempo dirá a sua extensão e o que será feito para se adaptar aos novos tempos.
A única certeza é que será possível ir adiante, como outras gerações fizeram depois de eventos de grande monta, como duas guerras no século XX, a gripe espanhola, a peste negra e outras tragédias de outras épocas que fazem parte da história, a serem usadas como referência para a crença de que é possível avançar.