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Longo caminho

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Os áudios contendo comentários sexistas do deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), nos quais ele classifica as mulheres ucranianas de “fáceis, por serem pobres” e ainda que “a fila de refugiadas da guerra tem mais mulheres bonitas do que a melhor balada do Brasil”, são a face mais explícita da misoginia que perpassa, principalmente, as redes sociais. O parlamentar, que foi ao país em guerra para, em princípio, apoiar a população, se mostrou um outro personagem nas postagens, o que causou indignação coletiva. Até o presidente Jair Bolsonaro reagiu ao dizer que se recusava a comentar o caso, por considerar a declaração asquerosa.

No Dia Internacional da Mulher, a declaração do deputado, também conhecido como “Mamãe, falei”, aponta para um cenário que ainda é uma clara realidade no país. As mulheres, a despeito dos reconhecidos avanços, ainda têm uma série de desafios pela frente, que, na verdade, não são só delas, mas da sociedade como um todo. O assédio sexual continua sendo uma demanda permanente, cujos índices são preocupantes. Os crimes de feminicídio apontam para um cenário de posse, em que os “companheiros” se sentem donos de suas parceiras. Quando há o rompimento da relação, o desfecho se apresenta em crimes consumados ou tentados contra a vida.

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Maioria na população e nos colégios eleitorais, as mulheres ainda apresentam uma representação política abaixo desse quociente, o que implica discussões profundas para equilibrar o jogo. O percentual de 30% das candidaturas se revelou frágil, por conta dos artifícios encontrados pelos próprios partidos. Boa parte das candidaturas estava no papel apenas para cumprir tabela, mas sem qualquer chance de eleição. Muitas delas, aliás, foram “laranjas” sem até saber que estavam no pleito. Há no Congresso projeto estabelecendo um determinado número de vagas para as mulheres, mas ele não avança.

A data, no entanto, é reservada para não só discutir os desafios, mas também para lembrar dos avanços. Na edição de domingo, a Tribuna destacou mulheres empreendedoras em diversas frentes. Pela primeira vez, a cidade é dirigida por uma mulher; a Câmara tem a sua maior representação feminina ao curso de sua história, e os espaços em instâncias de poder começam a ser equiparados.
Há muito a ser conquistado, por tratar-se de uma demanda permanente. O Dia Internacional serve de referência para destacar as ações em busca da igualdade, mas a luta para alcançá-la deve continuar.

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