A despeito das muitas especulações, é impossível definir uma data para a virada do jogo contra a pandemia da coronavírus. Em alguns países, especialmente da Ásia, nos quais as restrições começaram mais cedo, já se faz o caminho inverso, isto é, volta do movimento, embora controlado, com reabertura de vários setores, inclusive restaurantes. Vivendo o momento mais crítico, o Brasil ainda avalia setorialmente o que pode ser feito.
No meio de tantas incertezas, é possível traçar metas. Em entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora, nessa quarta-feira, o secretário de Estado da Saúde, Carlos Eduardo Amaral, disse estar disposto a liderar uma articulação para retomada das obras do Hospital Regional de Juiz de Fora, paradas há cerca de dez anos. Ele justificou a não inclusão da cidade no pacote anunciado pelo governador Romeu Zema, quando revelou serem beneficiados apenas os municípios que, de alguma forma, foram afetados pelas tragédias de Mariana e Brumadinho. Os recursos virão do pacote de compensação das empresas Samarco e Vale do Rio Doce, a quem foram imputadas responsabilidades pelas tragédias.
Carlos Eduardo, que é natural de Juiz de Fora, destacou que, tão logo se desvencilhe dos muitos afazeres provocados pela Covid-19, quer colocar a situação do hospital na mesa, com a montagem de um grupo de trabalho capaz de apresentar propostas de financiamento e custeio da unidade assim como de sua vocação. O governador chegou a pedir sugestões para tais unidades, indicando que a iniciativa privada seria bem-vinda, pois o Estado, com sua saúde econômica debilitada – e agora mais ainda -, não teria meios para fazer a gestão. O que não ficou claro – e aí está uma das ações do grupo de trabalho – é como finalizar um projeto que começou com dinheiro público ante a possibilidade de migrar para o setor privado, ou que tipo de compensação para cumprir a sua finalidade.
O único dado consolidado é a necessidade de retomada das obras, pois não faz sentido, depois de tantos investimentos, deixar o projeto ao relento, sendo consumido pelas intempéries do tempo, como, aliás, ocorre com vários projetos públicos parados pelo país afora, que se tornaram esqueletos a despeito dos recursos que consumiram.
Por ser uma cidade-polo, Juiz de Fora acolhe uma demanda próxima de dois milhões de pessoas, o que já indica a necessidade de ampliação da rede de atendimento. Para tanto, além do Regional, é fundamental, também, a finalização do Hospital Universitário, outra unidade ora parada à espera de investimentos.