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Vacinas no setor privado

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Ao menos 50 países começaram a imunização contra a Covid-19 em todo o mundo até agora. A grande maioria deles prioriza a aplicação das vacinas nos profissionais de saúde e nos grupos prioritários ou de risco, como pessoas acima de 60 anos. A aposta inicial tem sido a oferta de doses gratuitas, sem opção de venda na rede privada. No Brasil, desde que a Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas abriu negociação com laboratórios para aquisição de imunizantes indianos, novo debate ganhou força: a possibilidade de comercialização das vacinas pelo setor privado.

Diferentemente do que ocorre aqui no país, a maioria dos governantes mundo afora está assumindo a responsabilidade pela saúde do seu cidadão e criando uma agenda de imunização. No Reino Unido, nos Estados Unidos e no Canadá, por exemplo, é o órgão de saúde e vigilância estatal quem escolhe qual será a vacina aplicada, o público-alvo e as datas de início de campanha.

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Dessa forma, a aplicação de imunizantes pelo setor privado não está colocada como possibilidade, porque o Estado simplesmente está cumprindo seu papel. Para pesquisadores e epidemiologistas brasileiros, num primeiro momento, a grande preocupação é com a introdução parcial da vacina na sociedade, sem haver a imunização coletiva necessária. Alguns afirmam que, caso as doses não cheguem a todos de forma abrangente, pode haver uma mutação do vírus e o esforço não servir para nada.

O Instituto Questão de Ciência, uma associação brasileira que se dedica à promoção do pensamento científico nas políticas públicas, não vê problemas em aumentar a capacidade de vacinação no Brasil com o apoio das clínicas particulares, mas defende que isso comece apenas depois que o Plano Nacional de Imunização tenha se iniciado. A rede privada, contudo, funcionaria como um caminho alternativo, e não como via principal.

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As próprias farmacêuticas desenvolvedoras de vacinas, como Pfizer e AstraZeneca, vêm avisando que não pretendem negociar inicialmente com as empresas particulares, apenas com governos, como forma de garantir maior controle da imunização mundial. O problema é a morosidade de o Governo federal botar na rua sua campanha de vacinação. Sobre a iniciativa da rede privada, o Ministério da Saúde, no início da semana, disse apenas que as clínicas devem seguir a ordem de prioridade prevista no plano nacional de imunização.

Outra preocupação dos cientistas é com a eficácia do imunizante que a Associação Brasileira das Clínicas está negociando. Até agora, não há dados que comprovem que as doses da indiana Covaxin estejam prontas para serem aplicadas. Faltaria à pesquisa a conclusão da fase 3 dos testes, necessária para garantir a eficácia e a segurança do produto. De qualquer forma, esse é mais um fator que vai deixando o Brasil para trás na fila da vacinação mundial.

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