A um ano das eleições e com muita água ainda para passar sob a ponte, a sucessão está nas ruas. No cenário nacional, a terceira via continua sendo um desafio para os partidos que se recusam a subir nos palanques do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Lula. As pesquisas continuam apontando a polarização entre ambos sem riscos de surgimento, no curto prazo, de um candidato capaz de capitalizar os insatisfeitos com os extremos. O ex-governador Ciro Gomes continua no páreo enquanto os tucanos iniciam, este mês, a campanha interna para definir quem será o nome que levarão para as ruas na tentativa de ser a outra alternativa.
Em Minas, a situação se repete sem o viés do extremismo. O governador Romeu Zema, que entrou na política há quatro anos, depois de uma bem-sucedida carreira empresarial, lidera todas as projeções, sendo seguido a distância pelo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil. Uma terceira via, embora não esteja fora de cogitações, fica cada vez mais distante, sobretudo pela falta de ânimo dos partidos em apresentar um nome capaz de interromper tal dicotomia. O PT, que ocupou o Palácio antes de Zema, vê seus principais quadros mais preocupados com o mandato legislativo do que com a volta ao Governo, enquanto os tucanos, salvo mudanças, devem ficar com Zema, a quem já apoiam institucionalmente na Assembleia.
Mas como Minas são muitas, e ainda falta um tempo razoável para o pleito, as articulações estão em campo para consolidar ou ganhar apoio, bastando ver as recentes ações dos pré-candidatos. Zema anda pelo estado com desenvoltura, enquanto o prefeito se mantém focado na Prefeitura, fato questionado pelos próprios assessores, por entenderem que ele tem que se apresentar ao interior.
Nessa terça-feira, o jornal “O Tempo” divulgou pesquisa de seu instituto, DataTempo, na qual foi avaliado o papel dos prefeitos no processo eleitoral. Realizado em todo o estado no período de 24 a 27 de setembro, e com uma estreita margem de erro de apenas 2,63 pontos percentuais, o levantamento apontou que a maioria dos prefeitos tem sua gestão aprovada pelas ruas: 54,7% as consideram boas ou muito boas; 24,4% optaram pelo regular, enquanto 17,6% acham ruim ou muito ruim o desempenho dos gestores eleitos no ano passado.
A pesquisa também mostra que 70,6% das administrações são aprovadas, enquanto apenas 25,6% são rejeitadas. Em ambos os cenários, fica claro o papel dos prefeitos nas eleições do ano que vem. Tanto para a Presidência da República quanto para o Governo do estado eles serão estratégicos, o que faz deles cabos eleitorais importantes para os candidatos.
Por isso, não é à toa que os políticos colocam municípios importantes eleitoralmente em suas agendas. O governador já visitou Juiz de Fora mais vezes que o seu antecessor, enquanto o prefeito de Belo Horizonte continua na capital. No cenário nacional, não há informações sobre um retorno do presidente Bolsonaro à cidade na qual viveu o drama de ser esfaqueado, mas o ex-presidente Lula tem agenda ainda este mês, salvo algum contratempo. O jogo só está começando.