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Pontos extremos

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A semana que começa será dedicada aos idosos, com vários eventos programados pela Câmara Municipal, por meio de sua comissão especial, que devem se estender até sexta-feira. São muitas as iniciativas e boa parte delas sob o viés preventivo, a fim de garantir uma velhice com dignidade especialmente para aqueles que não têm meios para se beneficiar de programas especiais. A comissão, com razão, entende que é melhor prevenir do que remediar, o que implica muitas ações, como exposições de programas próprias para quem tem mais de 60 anos.

E é aí que há uma importante inflexão. Se há essa preocupação com a terceira idade – a despeito de outras tantas ações que precisam ser retiradas do papel -, no outro extremo, ainda faltam projetos. Jovens e adolescentes continuam carecendo de projetos para a juventude a fim de, minimamente, imunizá-los do apelo do crime, que tem forte influência sobre essa faixa de idade, principalmente em regiões em que o Estado se ausenta.

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Na edição deste domingo, a Tribuna mostra dados preocupantes levantados pela Polícia Militar. Mais de 20% dos crimes violentos são cometidos por adolescentes em Juiz de Fora. Eles, porém, também engrossam a lista de vítimas. Entre 2010 e os quatro primeiros meses deste ano, esse percentual os coloca com a arma na mão. Por outro lado, o mesmo grupo aparece como vítima em 12% das ocorrências deste tipo, num total de 2.102 casos.

A saída não se encontra apenas na porta da repressão. Aliás, por força da legislação, os policiais vivem uma situação que beira o constrangimento: apreendem os suspeitos e assistem à sua saída das delegacias antes mesmo de fecharem seus relatórios. Na campanha eleitoral prestes a começar, muitos candidatos vão defender a política do big stick, isto é, do porrete, entendendo que só a prisão resolve esse cenário de medo, mas é aí que reside o equívoco. Só prender não basta, pois os cárceres estão lotados, e a polícia está fazendo o seu trabalho. A questão é mais ampla, envolvendo projetos de ressocialização e ações sociais que revertam o jogo nas regiões instáveis.

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Os jovens, especialmente, têm sido alvo fácil do tráfico, que os atrai com promessas de sucesso. A cooptação se consolida por não verem chances do outro lado: faltam projetos sociais, escolas, igrejas, praças e outros espaços de lazer. Além de tudo, se consideram sem perspectiva no mercado de trabalho. O jogo só será revertido quando se convencerem da importância da vida – hoje nem todos a valorizam – e que vale a pena andar na linha.

A lição a ser tirada é a de que tanto na adolescência quanto na terceira idade faltam investimentos adequados, o que faz desses extremos vítimas da ausência de políticas públicas que mudem essas realidades.

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