Diversas regiões do país estão se antecipando aos fatos e cancelando os eventos de rua durante o carnaval. O motivo é claro: a variante ômicron, do coronavírus, tem um crescimento exponencial pelo mundo afora, embora, de acordo com os especialistas, não tenha a mesma letalidade das outras cepas. Mesmo assim, a progressão pode colocar a rede de atendimento em xeque, o que ninguém quer nesse momento de retomada.
A conjugação Covid/Influenza tem sido perversa, motivada, também de acordo com os especialistas, pelo baixo número de imunização contra a gripe registrado nos dois últimos anos. Isolados em casa, os brasileiros se dedicaram ao enfrentamento à Covid, deixando de lado as demais vacinas. A conta, pois, está chegando e causando graves danos à população.
As aglomerações de fim de ano também acentuaram a disseminação do vírus, o que levou as autoridades a cancelarem os desfiles e os demais eventos de Momo com grande capacidade de aglomeração. No vizinho Rio de Janeiro, os blocos estão proibidos, mas ainda está mantido o desfile da Marquês de Sapucaí, sob o argumento de ser um evento fechado, com capacidade para exigir o cumprimento de protocolos sanitários, a começar pelo cartão de vacinação.
Há controvérsia, mas o momento deve ser de serenidade, mas sem perder o foco nos novos riscos. O mundo, certamente, irá conviver com o vírus e suas derivações por muitos anos, como ocorre com a gripe, mas deve estar preparado para enfrentá-lo com medidas profiláticas, e a vacinação é a mais eficiente. Muitos dos novos contaminados têm apenas sintomas leves graças à imunização.
As instâncias de saúde dizem, já há algum tempo, que a vacina não impede, necessariamente, a doença, mas reduz a sua letalidade, como apontam os próprios números. Ao mesmo tempo em que a contaminação se espalha, o número de vítimas fatais continua caindo. E isso não é de graça.
A ciência, certamente, terá que investir cada vez mais na busca de medicamentos para esse enfrentamento. O economista Simcha Neumark, 33, natural de São Paulo e residente em Jerusalém desde 2013, após ter sido diagnosticado com Covid na sexta-feira (31), foi escolhido para ser o primeiro a receber o remédio paxlovid, da Pfizer, após procurar seu plano de saúde. Em depoimento ao jornal “Folha de S. Paulo”, ele disse que “logo após o diagnóstico, eu fiquei com uma febre muito alta, muita dor de garganta e dores de cabeça terríveis. Mas, algumas horas depois de tomar as primeiras pílulas, já senti uma melhora incrível”, disse Neumark.
A ciência tem sido rápida nas respostas, bastando ver o próprio processo de vacinação. Em outros tempos, a consolidação de um antídoto demorava pelo menos uma década. Contra a Covid, graças ao esforço global, ele foi encontrado em pouco mais de um ano. Da mesma forma que novas variantes, os medicamentos também serão aperfeiçoados para essa batalha de longo prazo, que só terá fim com a extinção definitiva do vírus.