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Público e privado

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A necessidade de obter maioria no Congresso faz do Governo – e não de hoje – refém das legendas de maior porte. De Fernando Henrique a Lula, todos os presidentes, de uma forma ou de outra, tiveram que ceder para garantirem, ora a governabilidade, ora a aprovação de sua agenda no Parlamento. Quem se atreveu a remar contra a maré caiu, como os ex-presidentes Fernando Collor e Dilma Rousseff. Os ilícitos a eles atribuídos, se tivessem uma base sólida, seriam apenas pecados veniais.

Com apenas dois meses de mandato, o presidente Lula tem um problema para resolver. Seu ministro das Comunicações, Juscelino Filho – não tem nenhuma ligação com o mineiro JK -, é uma bomba-relógio ambulante. É acusado de usar verba do orçamento secreto para asfaltar a estrada em frente ao seu haras e de embolsar diárias da União para participar de um leilão de cavalos. Ele disse que já devolveu a diária, mas o mal está feito.

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Juscelino foi indicado pelo União Brasil, partido que ocupa três ministérios, mas nem assim dá garantia de fidelidade plena ao presidente. Este, por não ter maioria no Congresso e depender do partido, não se arrisca a enquadrar a sigla, ficando apenas no discurso, esperando que o ministro, por vontade própria, peça as contas, o que pode ocorrer a qualquer momento.

O ministro incorreu no velho vício do patrimonialismo, pelo qual confunde-se o público com o privado. Além disso, mantém na equipe personagens claramente identificados com a gestão passada, num tácito desafio ao seu chefe, no caso o presidente.

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O Partido dos Trabalhadores já voltou à velha prática da fritura, na expectativa de o ministro pedir as contas, o que, de certa forma, evitaria desgaste com o União Brasil, a quem, certamente, deve caber a indicação do sucessor.
A semana será pródiga, pois a oposição pressiona, e o Governo se vê emparedado pelos próprios fatos. Sua agenda econômica ainda caminha a passos lentos, e, à medida que o tempo passa, a opinião pública arquiva a crítica ao Governo passado e concentra seus questionamentos no atual mandato.

No entanto, para efetivar as metas de campanha, o União Brasil e as demais legendas do Centrão são estratégicas. Ceder os anéis para não perder os dedos é a “palavra” de ordem em Brasília.

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O presidencialismo de coalizão vai impor novas pressões ao presidente Lula, já que outros ministros, indicados por aliados – não necessariamente parceiros ideológicos – também não têm correspondido às expectativas. Mas não há outro caminho a não ser engolir o sapo.

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