Na edição desta quinta-feira, um dos destaques apresentados pela Tribuna revelava que “três homens, de 31, 36 e 42 anos, foram presos pela Polícia Militar, após furtarem materiais do canteiro de obras do Hospital Regional de Juiz de Fora, no Bairro São Dimas, Zona Norte”. O fato aponta não apenas para a insegurança na região, mas pela fragilidade do local cuja concepção é acabar com o gargalo da saúde na região.
Na manhã de ontem, o governador Romeu Zema e diretores da Vale do Rio Doce assinaram um acordo inédito, pelo qual a empresa, responsável pela tragédia de Brumadinho, há dois anos, na qual morreram 170 pessoas e outras 11 continuam desaparecidas, se responsabiliza em pagar R$ 37,68 bilhões de indenização, que serão utilizados em várias frentes.
O dinheiro será utilizado em favor da população afetada, mas trará vantagens especialmente para a Região Metropolitana, com a construção de um novo contorno rodoviário e atualização do Hospital João XXIII, um dos mais importantes da capital. A saúde será contemplada em outras ações, e é aí que deve entrar a atenção das lideranças de Juiz de Fora. Em princípio, o Estado pretende concluir as obras dos diversos hospitais regionais, paradas há anos por conta da falta de investimento a despeito das promessas dos políticos. Romeu Zema, durante visita à cidade, admitiu que parte dos recursos poderia ser empregada na finalização do projeto tamanha a sua importância para a região.
Quando se trata de muitos interesses, é necessária a ação de lideranças para participar do bolo. É o caso da vez. Se não houver ação coletiva de Juiz de Fora e da região, dificilmente o governador vai colocar o projeto entre suas prioridades
O Hospital Regional pode ter sido um passo ousado quando foi concebido na gestão tucana de Aécio Neves/Antonio Anastasia, tendo o ex-deputado Marcus Pestana como secretário de Saúde, mas não poderia ter suas obras interrompidas diante da sua importância para a região. A Zona da Mata tem uma expressiva demanda de pacientes, que hoje são acolhidos não apenas pela rede pública, mas também pela rede privada, como ficou explícito nesse ciclo de pandemia. Ademais, o HPS, um dos principais hospitais de porta de Juiz de Fora, frequentemente opera no limite tal a demanda. O Regional, de acordo com o projeto original, resolveria o problema.
Em razão dessa importância, cobrar do Governo estadual tal prioridade não é nenhum arroubo, mas uma necessidade de quem, há anos, espera pela conclusão da obra. Se não houver êxito dessa vez, o projeto estará fadado ao devido fracasso, salvo se a iniciativa privada – o que não ocorreu até agora – tomar a frente para a sua conclusão.