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Vez da vacina

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Os ex-presidente dos EUA Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton se apresentaram como voluntários para receber as primeiras doses de vacina contra a Covid-19. Aqui no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro disse que não será culpado se houver algum dano colateral a quem tomar o imunizante. As duas visões são emblemáticas num momento em que, em alguns países, as primeiras doses começam a ser aplicadas, e o Brasil ainda não definiu sua estratégia para atendimento à população. O governador de São Paulo, João Doria, anunciou, nessa quinta-feira, que as primeiras doses começarão a ser aplicadas ainda este mês, mas não apresentou a logística a ser adotada.

Segundo maior em número de mortes, o país não pode ficar à mercê do jogo político que vem ocupando o debate já há algum tempo, envolvendo especialmente o presidente e o governador, prováveis atores nas eleições de 2022. O momento deveria ser de medidas conjuntas para vencer essa etapa tão crucial na vida nacional, cujas consequências passam por vidas e economia. Puxar para trás é um contrassenso, sobretudo quando há o viés de rejeição à própria ciência.

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O silêncio das demais instâncias também é preocupante, pois fica a impressão de que ninguém quer entrar nessa bola dividida num momento em que não há espaços para omissão. O que o povo espera de seus representantes é um trabalho consistente para garantir que a vacina seja uma realidade no curto prazo.

A pandemia ainda é um dado real, e, antes mesmo da vacina, é necessário o envolvimento da população. Os números são crescentes, e é possível ver as ruas cheias de pessoas sem máscaras e em aglomerações, especialmente nas regiões praianas. Com a chegada do verão, a preocupação se acentua, pois, mesmo com a vacina, sua aplicação não será no curto prazo. Ela deve se estender até o fim do ano por conta do tamanho e da diversidade de logística do país.

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Outro fato a ser colocado à mesa é como a vacinação será distribuída no país. Em alguns países, ela será de graça para todos, a fim de garantir acesso de todos ao medicamento. Repetir a diferença social no tratamento seria o pior dos mundos, sobretudo quando as camadas mais carentes, até mesmo por impossibilidade de isolamento, são as mais sujeitas à contaminação. A proteção tem que ser isonômica para o bem coletivo.

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