Quando foi criada, a Empresa Regional de Habitação de Juiz de Fora (Emcasa) tinha como objetivo fomentar projetos habitacionais no município, estabelecendo políticas de ocupação ordenada, para combater o fluxo de ações ilegais, que, já naquele tempo, eram comuns especialmente nas regiões periféricas. Hoje, é apenas um ensaio da proposta original, gerenciando o que já está implantado, sem estabelecer ações consistentes para a cidade. Isso pode ser recuperado dentro da Secretaria de Planejamento, a quem cabe pensar a cidade e formatar projetos importantes para o futuro. Como fazia o antigo Ipplan, responsável por várias ações que hoje estão em curso em Juiz de Fora.
O projeto encaminhado à Câmara é importante, pois vários órgãos municipais precisam ser repensados, como ocorreu com a Empav, cuja reforma foi aprovada ontem pela Câmara. A situação da Emcasa é o tema da vez, mas há um porém. A atual gestão, responsável pela proposta de extinção, está no crepúsculo, sem chances, sequer, de continuar, perante a recusa do prefeito Antônio Almas de tentar a reeleição e de seu partido, pelo menos por enquanto, não ter um nome próprio para apresentar aos eleitores.
Faltando quatro meses para terminar o ano – contando setembro -, a alternativa mais viável seria deixar para a próxima gestão a decisão de continuar ou não com o atual modelo. A mensagem deve ser encaminhada à Câmara, e esta também passará inevitavelmente por mudanças. Desta forma, seria evitado o risco de se tomar uma decisão que pode ser questionada pela futura administração. E, ao que se sabe, não houve qualquer consulta aos atuais candidatos a prefeito.
O tema, aliás, pode até ir para o palanque da atual campanha eleitoral, uma vez que cada candidato deve ter uma visão sobre o que fazer com a empresa, facilitando até o entendimento do eleitor sobre suas metas. Mas bater o martelo, agora, seria um contrassenso.
A proposta deve ser vista como uma sugestão a ser avaliada na próxima gestão, como deveria ser em qualquer ação de fim de governo. Muitos políticos, mais voltados para as arquibancadas do que para o interesse público, costumam criar agendas que nem sempre têm condições de serem implantadas. Ficam bem com a opinião pública e deixam o imbróglio para o sucessor. Não é esse o caso, pois o prefeito Antônio Almas é político sério e, se apresenta tal proposta, tem como fim o interesse público, mas deveria deixar para o sucessor o encaminhamento ou consultá-lo ao final do pleito, embora haja consenso de que a Emcasa, com a atual estrutura, não cumpre mais os objetivos de sua criação.