Com mandato até meados de setembro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, assegurou, durante encontro com jornalistas investigativos, que vai continuar sua saga em buscar punições para os autores de ilícitos, sobretudo os que estão enquadrados na operação Lava Jato: “Enquanto houver bambu, haverá flecha”, disse, adotando uma metáfora própria de quem não desiste nunca.
A questão, porém, não é desistir. O que ele precisa, agora, especialmente no caso do presidente Michel Temer, é apresentar provas materiais do que anda dizendo do chefe do Governo. O dia será emblemático, pois a defesa do presidente irá apresentar suas razões e vai atacar, basicamente, a denúncia do procurador nos pontos em que ele aponta ilícitos, mas não dá materialidade ao que está posto no calhamaço de 60 páginas que encaminhou ao Supremo.
O jogo, agora, se estende à instância jurídica, no qual as partes serão convidadas a apresentar suas razões. Na política, a novidade será a volta do senador Aécio Neves, que prometeu, também para hoje, falar aos pares e ao país, para tentar explicar o que levou à suspensão de seu mandato e seu pedido de empréstimo ao empresário Joesley Batista. O líder tucano terá muito o que justificar, pois, se para o país foi uma surpresa, para seus pares e correligionários foi uma decepção.
A semana será de acertos de contas, o que leva ao debate sobre até quando vai esse ciclo, que já começa a se refletir na economia. O país não pode parar, e o setor produtivo está se descolando da política, mas não é uma operação simples, porque os investidores conhecem o negócio, mas não sabem o que passa pela cabeça dos líderes políticos que têm a caneta na mão.