A equipe econômica trabalha com a perspectiva de melhora dos números da economia a partir do aumento da vacinação, mas aí há problemas por conta não apenas do atraso na imunização, mas também por outros fatores, fruto da pandemia do coronavírus. Vários setores estão com suas atividades comprometidas, indicando um cenário preocupante também em 2021. O PIB despencou 4,1% em 2020 e tornou-se a maior queda desde o início da série histórica atual do IBGE, iniciada em 1996. Ademais, o PIB per capita registrou uma queda recorde de 4,8%. Salvo o agronegócio, os demais segmentos continuam em processo de desaceleração.
Reverter esse processo tornou-se um desafio num momento crítico por conta da pandemia. Desde o início da contaminação, os números nacionais têm sido graves, e, em vez de queda, abriram a semana com o maior registro de mortes em 24 horas desde o ano passado. Os estados, por meio de governadores e secretários de saúde, têm alertado que a tendência é de agravamento. Vários estados e municípios admitem adotar o lockdown como medida extrema.
O Brasil tem andado sempre a reboque na tomada de decisões. Os países que adotaram tal fechamento agora passam por uma fase mais amena, a despeito de a pandemia ainda continuar fora de controle. O lockdown só funciona se houver envolvimento coletivo, pois o recrudescimento da contaminação é fruto, em boa parte, do comportamento da própria população, sobretudo nos eventos de fim de ano e do carnaval.
Como economia e saúde devem andar juntas, é preciso insistir no diálogo permanente dessas duas instâncias. O Governo federal, no entanto, tem que mudar sua postura e atuar em coordenação com estados e municípios. O pior dos mundos – e o que se vê atualmente – é uma instância indo na contramão dos próprios fatos. O país precisa de vacinas, e o ministério carece de ações objetivas para garantir uma renda mínima para os mais carentes, sobretudo por sua repercussão na própria economia.
Vale o mesmo para as empresas, com linhas de financiamento mais em conta. No Congresso, é fundamental implementar as reformas tributária e administrativa. O envolvimento de todos os setores se faz necessário para a volta dos antigos patamares. Com o PIB divulgado ontem, o Brasil sequer está entre as dez maiores economias do mundo.
É fato que a regressão afetou todas as economias, mas muitas delas conseguiram virar o jogo, algo que ainda falta por aqui, onde os enfrentamentos por conta das eleições gerais de 2022 só atrapalham.