Remodelar o sistema de transporte de uma cidade do porte de Juiz de Fora, com o agravante de tanto tempo de inação, é um desafio e tanto para o Poder Público, mas a Prefeitura, diante das próprias circunstâncias, deve acelerar os estudos ora em curso, para superar não apenas velhos impasses, mas também dar uma nova formatação no que hoje tornou-se uma preocupação dos usuários e dos próprios trabalhadores no setor.
Na manhã de ontem, um ônibus da linha 520 (Aeroporto) envolveu-se num incidente na Avenida Presidente Itamar Franco, na altura do Bairro São Mateus, por volta das 8h, e, graças à perícia do motorista, a suposta falha mecânica não teve consequências graves. A Prefeitura se manifestou imediatamente, enquanto o Consórcio Manchester, ao qual pertence o veículo, por meio de nota disse que houve prejulgamento da Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU). O Executivo, em comunicado, ameaçou declarar a caducidade do contrato com o consórcio.
Com uma topografia irregular, Juiz de Fora impõe aos veículos do transporte público um percurso de riscos em vários pontos. A descida da Avenida Presidente Itamar Franco, após a Curva do Lacet, é um deles, mas há outros até mais perigosos. A qualquer falha, os riscos para os usuários, além de motoristas e trocadores, são muitos, sem contar o entorno. Em meados do mês passado, um ônibus atingiu uma residência no Bairro Borboleta. O motorista e o auxiliar ficaram feridos.
Embora a Municipalidade já tivesse colocado a manutenção da frota como uma das contrapartidas para o financiamento do sistema, quando garantiu o congelamento das tarifas, a próxima etapa é de fundamental importância, pois deve garantir uma nova formatação do sistema. O novo projeto deve incorporar, inclusive, propostas da Câmara Municipal, que, ao instalar, na legislatura anterior, uma Comissão Parlamentar Inquérito do Transporte Público, produziu uma vasta documentação.
Ademais, a medida interessa também às próprias empresas, hoje sob pressão das autoridades públicas e da comunidade. Adequar-se às demandas da cidade – cada vez maiores ante o crescimento urbano – tornou-se uma prioridade.
A mobilidade urbana é um desafio permanente para as administrações, por implicações diversas que não se esgotam nos ônibus. Daí, até compreender que não se trata de uma mudança de uma hora para outra. No entanto acelerar os estudos deve fazer parte da preocupação não apenas das autoridades, mas também da própria comunidade ante a insegurança que tomou conta dos usuários. Felizmente, os danos têm sido mais materiais, mas é o tipo de cenário que não se pode esperar pela próxima vítima.