Momentos antes de sua reunião com o presidente Jair Bolsonaro – se por estratégia ou não -, os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara Federal, Arthur Lira, divulgaram um documento conjunto em que defendem uma série de medidas na instância econômica, a começar pelas reformas administrativa e tributária. Os dois presidentes também defenderam um prazo para entrega do relatório da PEC Emergencial, que estabelece gatilhos de cortes de gastos e está a cargo do senador Márcio Bittar (MDB-AC).
Da pauta conjunta também consta um processo de vacinação mais ágil no país e repetição do auxílio emergencial dentro do teto de gastos. No mesmo documento, elencam o Pacto Federativo, que soa como música para os municípios, hoje apartados dos recursos ora centralizados nos cofres da União, como saída para os prefeitos, hoje dependentes do Fundo de Participação e de emendas parlamentares.
A nota é um sinal verde para o ministro da Economia, Paulo Guedes, que não poderá, a partir daí, recorrer ao discurso que foi comum nos últimos dois anos, indicando que o então presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, bloqueava a agenda do Governo. Tal argumento, aliás, não tinha procedência, pois Maia foi um dos protagonistas para aprovação da reforma da Previdência, a principal matéria econômica apresentada ao Congresso Nacional.
O impasse, de fato, está dentro do próprio Governo, que não comunga in totum com a agenda liberal do ministro. A privatização de estatais, por exemplo, não foi travada pelo Congresso. Ela ficou retida na burocracia oficial, provocando a saída do ministro da privatização e do presidente da Eletrobras, que se viram impedidos de implementá-la.
Os desafios, agora, passam pela conciliação da economia com a política, pois, na Esplanada dos Ministérios – o que é comum em todo ano pré-eleitoral -, a sucessão de 2022 tornou-se a bússola de várias ações. O Governo vai avaliar as consequências de seus gestos, olhando, principalmente, a reação popular. As reformas, de fato necessárias, nem sempre vão ao encontro da opinião pública.
O ministro da Economia terá, agora, que se mostrar apto a cumprir o que prometeu ainda no tempo de campanha, anunciando que daria uma nova face ao Governo com reformas profundas. A da Previdência, por enquanto, foi a única. A Administrativa e a Tributária são fundamentais para dar agilidade ao Estado, e o Pacto Federativo significará distribuição mais justa dos recursos. Os municípios, onde tudo acontece, ficam no banco de trás na hora da recepção de investimentos a despeito das necessidades, que cresceram ainda mais no ciclo da pandemia.