O Governo federal nega, por enquanto, qualquer tipo de racionamento de energia elétrica, mas admite que os níveis dos mananciais, nos quais estão as hidrelétricas, estão baixos, aumentando a preocupação por conta da escassez de chuvas em diversas regiões. É fato que a época do ano já não é própria para o ciclo das águas, mas, como os números do início do ano não repetiram a performance do ano passado, até a Região Sudeste está em regime de alerta, sobretudo por concentrar o maior volume de consumidores e de indústrias. Num período de tantas dificuldades econômicas, acrescentar mais esse ingrediente seria um problema.
A falta de chuvas ou sua distribuição desordenada não é um fenômeno aleatório. Há fortes fatores humanos, sobretudo no trato com o meio ambiente. A falta de controle nos desmatamentos, o uso indevido das águas e a excessiva poluição comprometem o comportamento da natureza que reage, ora com escassez, como agora, ora com intensos temporais cujas consequências envolvem vidas perdidas nas enchentes.
O uso das águas é um dos pontos que devem ser mantidos na pauta permanente das cidades. Na semana que vem, quando se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, várias agendas estarão voltadas para o tema e muitas delas, certamente, vão abordar essa questão. O país ainda tem um extenso passivo ambiental e precisa tomar providências de curto e médio prazo para evitar problemas que se refletem não apenas no caso da geração de energia, mas também no abastecimento.
Juiz de Fora, nesse aspecto, vai bem. A capacidade de seus três principais mananciais – São Pedro, João Penido e Chapéu D’Uvas – está acima da média nacional, mas nada aponta que, por causa disso, a população deve ser perdulária no consumo, utilizando água para funções nas quais ela é desnecessária. É comum, por exemplo, o uso desmesurado em lavagens de passeios, algo impróprio em tempos de racionamento, sobretudo quando o jato de água substitui a vassoura. Um contrassenso.
A população deve ser alertada para o seu papel na defesa do meio ambiente, enquanto as instâncias públicas precisam agir para evitar novos danos. Se nada for feito, em longo prazo, eles poderão comprometer gerações. Várias civilizações desapareceram por conta do descaso com o meio ambiente, e, em tempos de hoje, muitos rios sequer chegam ao seu destino. E não se trata de simples córregos. Até cursos caudalosos se desencontram do mar – seu destino final – em razão do assoreamento que, pelo trecho afora, compromete a fluidez.