Cerca de 150 milhões de brasileiros estarão diante das urnas, neste domingo, para definirem os eleitos para as assembleias legislativas, o Congresso Nacional e, podendo ser em primeiro ou segundo turno, os governadores e a Presidência da República. É o dia da cidadania, por ser um momento único em que o povo define os seus representantes nas instâncias de poder.
Nunca uma eleição esteve tão polarizada como a deste ano – maior até do que a de 2018 – com repercussões pelo país afora. O debate da TV Globo, na última quinta-feira, entrando pela sexta-feira, foi revelador: o jogo será jogado até o último momento entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e seu principal oponente, o presidente Jair Bolsonaro.
O primeiro, tentando definir o pleito no primeiro turno; o segundo, se movendo para levar a decisão para o dia 30.
Os demais candidatos, a despeito de suas virtudes, ficaram ao curso do caminho, confirmando o que já se previa desde o início das primeiras articulações. A corda foi tão esticada entre os dois polos que não houve espaço para uma terceira via.
É fato que os personagens do caminho do meio também deram uma grande contribuição para esse fracasso. Em momento algum abriram mão de suas propostas em nome de um projeto comum. Ao contrário, os tucanos rifaram a candidatura do ex-governador João Doria a despeito de terem-no indicado numa prévia. Resultado, o partido, que já dirigiu o país em dois mandatos consecutivos, com Fernando Henrique Cardoso, sairá menor nas urnas do que ensaiou entrar.
A senadora Simone Tebet (MDB) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) foram vítimas do fogo amigo e, em vez de pautas de interesse do país, tiveram que gastar parte das suas energias na contenção do voto útil. Se conseguiram, só as urnas vão dizer.
A disputa do atual presidente com um ex-presidente já tinha contornos de radicalização, sobretudo por serem dois projetos totalmente opostos. Em 2018, o ex-deputado Jair Bolsonaro foi eleito com a bandeira do antipetismo. Hoje, passados quase quatro anos, também sofre os desgastes do mandato e é, por sua vez, alvo dos adversários por conta de suas ações à frente do Governo.
O eleitor, mesmo num país tão dividido, é sábio e no silêncio das urnas vai apresentar suas convicções. O que se espera é uma votação tranquila. As ideias podem ser conflitantes, mas o país é um só e, sob qualquer governo, o sol vai se levantar no dia 1º de janeiro, quando será dada posse aos eleitos para os postos majoritários.
Vale a mesma expectativa no embate estadual. Os dois projetos nacionais repercutem também no segundo colégio eleitoral. No debate da última terça-feira, os líderes Romeu Zema e Alexandre Kalil saíram da linha programática e colocaram em pauta temas pessoais. Em situações como essas, ninguém ganha, pois o eleitor está preocupado, justificadamente, apenas com o seu futuro.