Na edição do último domingo, a Tribuna revelou, em matéria da repórter Leticya Bernadete, que, desde 1995, a Universidade Federal de Juiz de Fora realizou 156 depósitos de patentes, sendo 143 de invenção e 13 de modelos de utilidade. As primeiras se destacam pelo ineditismo, as outras, pela melhoria funcional em algo que já existe. Como bem destacou a gerente do Núcleo de Inovação Tecnológica, Ana Carolina Viddon, “os depósitos de patente são os medidores de inovação de uma instituição, por isso é importante você estar situado em um ranking desses”.
Os investimentos em pesquisa são estratégicos para o país, como a UFJF tem mostrado através de seus vários órgãos, que podem ser exclusivos da instituição ou em parceria, por indicarem o grau de desenvolvimento do próprio país. E aí há problemas. Os recursos para o setor, há décadas, vêm caindo como se a pesquisa não fosse prioridade. Os governos que fizeram tal investimento estão no topo do desenvolvimento, sobretudo neste momento de crise.
A pandemia do coronavírus e a briga por vacinas são a face mais emblemática da questão. Os países que já há algum tempo perceberam a importância de fabricar insumos estão hoje sendo procurados – e pressionados – a repartir suas pesquisas pelo simples fato de terem feito o dever de casa. No Brasil, instituições como o Instituto Butantã e a Fiocruz têm quadros que, se devidamente apoiados com recursos, teriam condições de atuar nessa frente. No entanto, já nos anos 1980, houve o entendimento de que não era preciso pressa. Os organismos que trabalham com pesquisa, como a UFJF, atuam mais por conta de abnegação de seus quadros do que por ajuda das instâncias de poder.
Um exemplo claro é a dificuldade de se implementar um Centro Tecnológico cuja concepção original esbarrou no contingenciamento do Governo para a pesquisa. O esforço, agora, é implementar um projeto alternativo, bem aquém do que estava previsto em parceria com o setor privado.
Países como China e Índia, que fizeram forte investimento em pesquisa, devem, agora, servir de exemplo para a virada do jogo, mas é necessário, primeiro, mudar a visão dos órgãos oficiais, que têm tido uma postura em oposição à ciência, como ficou claro na pandemia. Agora, com a luta pelas vacinas, espera-se que haja mudanças. Um país com mais de 200 milhões de habitantes não pode ficar à mercê de outras nações para produção de insumos, sob o risco de ficar no fim da fila na aplicação do antídoto.
No entanto o incentivo à pesquisa não se esgota nessa frente. O perfil do primeiro mundo mostra com nitidez que a autossuficiência na pesquisa é um dado real para se situar no topo do ranking.