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Recados das urnas

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Desde o primeiro turno, os eleitores já vinham avisando que não dariam guarida ao jogo radical que permeou o pleito de 2018, e as eleições de domingo só consolidaram essa percepção. A política do ódio ou voltada apenas para o viés religioso deu espaço a um novo discurso, nos quais os eleitos ou reeleitos preferiam adotar a moderação, pregando a união quando os objetivos são comuns, especialmente em torno de projetos de interesse coletivo ou de demandas imediatas, como o combate à pandemia.

Nas duas principais capitais do país, os eleitos Bruno Covas e Eduardo Paes, São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente, não se furtaram em dizer que vão conversar com o Governo federal e com os governadores para obter investimentos. Já se sabe que 2021 será um tão difícil quanto o 2020, que vive o seu último mês, e que não dá para cumprir metas de campanha sem respaldo dos recursos dos estados e da União.

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Em Juiz de Fora, no debate promovido pelo Grupo Solar, em parceria com a UniAcademia, a candidata vencedora, Margarida Salomão, também lembrou que na sua ação parlamentar não se furtou a buscar os gabinetes federais para viabilizar ações para Juiz de Fora, a despeito de ser adversária política do presidente Jair Bolsonaro. Espera fazer o mesmo agora como gestora da cidade, pois considera que o enfrentamento das urnas deve revelar adversários – o que é próprio da democracia -, e não inimigos, como ficou claro há dois anos.

Um dos muitos recados das urnas passa diretamente pelo cansaço gerado em 2018, quando o enfrentamento levou à cisão de amizades e ao rompimento de laços familiares. O próprio presidente Jair Bolsonaro se viu forçado a buscar o centro para garantir maioria na Câmara Federal, ao perceber que não dá para fazer política nos extremos. Nas contas de domingo 15 e domingo 29, os principais derrotados foram exatamente os extremos, capitaneados por ele e pelo ex-presidente Lula.

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O surgimento de novas lideranças e a consolidação de atores como Rodrigo Maia, do DEM, Bruno Covas (PSDB) e Eduardo Boulos (PSOL) indicam que o próximo pleito nacional terá novas nuanças, pois já há um claro ensaio de renovação dentro dos próprios partidos. O mapa partidário também passou por mudanças, reforçando, sobretudo, partidos que ficaram no centro, sem, necessariamente, serem ligados ao Centrão fisiológico.

Com tantos recados, resta a eleitos e vencidos avaliar o que virá pela frente, pois perder nas urnas não é ser alijado de processos. Elas servem para indicar o que o eleitor quer e espera dos vencedores, e, se estes não cumprirem o pacto das urnas, podem, em próxima avaliação, ser trocados.

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