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Área de conflito

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As idas e vindas das Forças Armadas às comunidades do Rio de Janeiro, como forma de garantir a segurança da população e assegurar o papel das polícias civil e militar na repressão ao tráfico, têm recebido aplausos da população – sobretudo fora das favelas – mas não indicam, necessariamente, que são a melhor forma de combate à violência na cidade. Nas várias incursões, os resultados são mínimos se comparados à extensão do problema, com apreensões pontuais quando se sabe que o número de armas em tais regiões é expressivo. Os militares não têm know-how para atuar num campo tão minado, servindo apenas de apoio às demais operações.

Sob essa perspectiva, a participação do Exército, da Marinha e da Aeronáutica é factível, mas as autoridades precisam ir à raiz do problema. Caso contrário, esse processo será recorrente, marcado apenas por pausas, mas sem solução. Em entrevista à Tribuna (veja matéria nas páginas 4 e 5) e à Rádio CBN Juiz de Fora, o antropólogo Luiz Eduardo Soares, que já foi subsecretário de Segurança do Rio e secretário Nacional de Segurança no início da gestão Lula, em 2003, traça um cenário preocupante, pois também vê ações pontuais sem a busca da matriz da violência da cidade.

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Coautor do livro “Elite da Tropa”, que deu origem ao premiado filme “Tropa de Elite”, ele destaca que o enfrentamento não é suficiente para conter o tráfico e garantir a segurança das comunidades. O projeto UPP, aplaudido pela unanimidade quando de sua implantação, pecou por ter ficado no meio do caminho. A adoção da polícia permanente é positiva, mas o viés repressivo não basta. Só haveria avanços se fosse acompanhado de medidas sociais, que reforçassem o sentimento de pertencimento aos moradores sem dependência dos donos do morro, como se autodenominam os chefes do tráfico. Caso contrário, a trégua ora em curso terá dias contados, com a violência voltando à rotina da população e de forma mais intensa.

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