Os atos do fim de semana pelo país afora, levando militantes às ruas em protesto, dessa vez contra o presidente Jair Bolsonaro, são a principal evidência de início do processo eleitoral, a despeito de ocorrerem em meio à pandemia e contrariando medidas de isolamento, como também tem ocorrido em outras manifestações a favor do Governo. Os primeiros indícios apontam para a mesma polarização de 2018 a despeito de ainda estar em curso o debate sobre uma candidatura pela terceira via.
Nesse fim de semana, vários líderes políticos foram instados a abordar a possibilidade de um tertius, e boa parte apontou a dificuldade de indicação de um nome, sobretudo diante da falta de diálogo entre esses mesmos atores. O ex-ministro Ciro Gomes, do PDT, não abre mão da candidatura, enquanto outros personagens, como o apresentador Luciano Huck, ainda se mostram indecisos sobre a questão.
Quanto mais tempo demorarem mais a polarização se acentua. Os seguidores de Bolsonaro e de Lula estão convencidos de ser esse o melhor cenário para ambos, uma vez que um candidato de centro seria um risco para ambos, sobretudo se conquistar o Centrão, que atua de acordo com o seu felling político. O mesmo grupo que agora dá respaldo ao presidente da República nunca saiu do Governo: apoiou Fernando Henrique, ficou com Lula e Dilma Rousseff e esteve ao lado de Michel Temer.
Seus integrantes são profissionais do jogo político e consideram a polarização o cenário ideal para seus projetos, pois cresce o seu cacife à medida que o jogo avança. Basta ver a última eleição para as mesas diretoras da Câmara e do Senado Federal. O caminho do meio, com Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, foi a opção dos pares por conta da articulação do grupo.
É cedo ainda para fechar a conta, sobretudo em decorrência da pandemia, que ainda é e deve continuar sendo a prioridade de todas as discussões dentro e fora da instância política, mas é inegável que a sucessão já está em curso, inclusive nos estados, bastando acompanhar o comportamento de alguns senadores. Boa parte deles apresenta uma performance mais voltada para as suas bases do que interessados, de fato, nas investigações sobre culpados pelo avanço da contaminação.
Em Minas, o jogo também está sendo jogado, sobretudo entre o governador Romeu Zema e o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil. Por conta de 2022, estiveram sempre em polos distintos, mesmo no enfrentamento à doença.
Também há espaços para uma terceira via, mas a questão é saber quem vai incorporar esse personagem.