O “Great Reset” (Grande Reinício) será tema da 51ª reunião do Fórum Econômico Mundial, que este ano acontecerá em Singapura, e sua proposta é “resetar” tudo que se refere à economia, à política e às relações sociais construídas até agora e fazer diferente. A crise provocada pela pandemia do coronavírus é o catalisador do “Great Reset”, cujo objetivo central não declarado é obter controle absoluto da sociedade em escala planetária. Os endinheirados do mundo querem a fundação – e rápido – de algo como o “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, ou o “1984”, de George Orwell. São ambiciosos.
Prevê-se que empregos serão destruídos em massa com o avanço da inteligência artificial, incluindo o transumanismo, mas paralelamente fala-se na criação de uma renda mínima global cuja intenção oculta seria a de manter as pessoas com o mínimo para sobreviver sob a tirania disfarçada em benevolência por um estado tecnocrático. Mapeamento genético também está previsto, entre outras propostas de uma elite de megaempresários, políticos e intelectuais engajados, formuladores das políticas globais que serão debatidas na próxima reunião do FEM.
A pandemia do coronavírus, do qual não se sabe até hoje a origem, determinou a urgência do “Great Reset” ao colocar a conta na mesa: os mais de oito bilhões de habitantes do planeta custam muito caro aos donos do dinheiro, que, por isso, acenam com reengenharia social, seja lá o que isso signifique. Como resolver o problema da superpopulação num mundo que se pretende cada vez mais desumano e virtual é certamente o nó górdio da pauta a ser apresentada em Singapura em maio deste ano.
Se as novas tecnologias destruirão praticamente todos os empregos como tradicionalmente conhecemos, se trabalhadores não serão mais necessários como mão de obra e nem mesmo como consumidores, que destino darão os donos do mundo a essa gente toda? Na Índia, cerca de 950 milhões de pessoas vivem na pobreza em áreas rurais, trabalhando na agricultura. E na África? Na América Latina? Serão “resetados” em massa? Ou a Nova Ordem Mundial acolherá a todos?
Em entrevista à Carta Capital, em dezembro de 2020, o escritor Ailton Krenak foi taxativo: “O capitalismo vai destruir o mundo do trabalho como conhecemos e vai dispensar a ideia de população. Essa, para mim, é a próxima missão do capitalismo: se livrar de ao menos metade da população do planeta. O que a pandemia tem feito é um ensaio sobre a morte. É um programa do necrocapitalismo. A desigualdade deixa fora da proteção social 70% da população do planeta. E, no futuro, não precisará dela sequer como força de trabalho. Quem promete um mundo de pleno emprego é cínico ou doido. Não existe nenhuma possibilidade material de as coisas voltarem a funcionar assim”. É exagero de Krenak?
Segundo a ONG Oxfam, 2.153 bilionários em 2020 detinham mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas, o equivalente a 60% da população mundial. Eles dividirão seus bilhões, abrirão mão de seus privilégios? Duvido. São esses que aprovam a pauta a ser debatida no FEM 2021.
Sobre nó górdio, é importante definir que se trata de um nó tão bem dado que não pode ser desfeito – precisa ser cortado. Os caras do “Great Reset” sabem disso e o cortarão, sem dó nem piedade.
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