Moradores de Conceição do Ibitipoca, distrito de Lima Duarte, situado a cerca de 90 quilômetros de Juiz de Fora, protestaram na manhã deste sábado (22) contra a concessão do Parque Estadual de Ibitipoca. Eles se reuniram na entrada da unidade de conservação sustentando a faixa “O parque é de todos. Não à concessão”. Os manifestantes abordaram turistas que chegavam e explicaram sobre a licitação, aberta pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) na última terça-feira (18).
“Falamos sobre ser um parque de preservação, que não precisa gerar lucro. A empresa privada (que vencer) vai ficar 30 anos fazendo essa exploração e absorvendo um lucro muito grande, sem relevantes contrapartidas sociais para o entorno”, disse Fred Fonseca, músico e membro do grupo em defesa de Ibitipoca (@grupoemdefesadeibitipoca). “Fomos bem recebidos. A grande maioria das pessoas estava contra a concessão”, avaliou ele, que também enfrentou resistências ao movimento.
Sobre a licitação para a concessão por 30 anos, na modalidade concorrência, dos Parques de Ibitipoca e do Itacolomi, o Governo de Minas marcou a entrega dos envelopes com as propostas para até o dia 15 de dezembro, na Bolsa de Valores em São Paulo. O Estado defende que as inciativas devem garantir economia de R$ 2 milhões ao ano aos cofres públicos, além da geração de cerca de 1.600 empregos diretos e indiretos. A abertura dos envelopes está prevista para 21 de dezembro, também na Bolsa de Valores, em sessão pública a partir das 14h.
A proposta vencedora será aquela economicamente mais vantajosa, considerando o maior valor de outorga a ser paga ao Estado. A empresa responsável pela administração, até então a cargo do próprio IEF, irá gerir o turismo, fazer a operação e manutenção dos atrativos existentes na área. O edital com os detalhes sobre a licitação pode ser conferido no site www.ief.mg.gov.br.
O grupo em defesa de Ibitipoca ressalta que o processo de concessão consiste em entregar a empresas privadas a exploração comercial da parte turística do parque. “Isso ocorre em detrimento de toda a população local que desenvolveu o destino turístico e tornou o parque famoso internacionalmente. Com a concessão, haverá certamente aumento do fluxo turístico, sem que grandes problemas estruturais das comunidades sejam resolvidos.”
O grupo defende que o parque não precisa de um empreendimento milionário. “A concessão vai elitizar o acesso a um parque público, vai criar um monopólio do turismo na região. Não teve nenhum estudo de impacto ambiental ou social sobre os riscos dessa concessão, e os estudos da modelagem econômica não foram disponibilizados. Estamos falando de 30 anos, os estudos prévios precisam de muito mais profundidade. Vamos parar e pensar que existem comunidades, tradições, cultura ligadas a essa serra.”
A Tribuna tem acompanhado a repercussão da proposta de concessão do Parque de Ibitipoca junto à comunidade de Conceição do Ibitipoca, e a principal crítica foi a pouca escuta dos moradores. A preocupação decorre do fato de o parque ser o principal propulsor da economia local, aquecendo o turismo, o comércio e os serviços. Dados do Estado referentes a 2018 indicam que, naquele ano, o parque recebeu 86.410 visitantes e arrecadou 1,9 milhão.