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Empresários de Ibitipoca tentam driblar a crise

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Os empreendedores de Conceição de Ibitipoca, em Lima Duarte, estão sentindo profundamente os impactos econômicos da paralisação do turismo em função da pandemia de coronavírus. Em vias de completar dois meses do decreto municipal que limitou as atividades econômicas na região, empresários do distrito viram sua renda mensal cair a zero, ainda sem previsão de retomada. Com as dificuldades impostas pela pandemia, membros da comunidade se movimentam para criar rede de colaboração mútua, além de buscar alternativas de negócio para garantir alguma verba.

Região profundamente vinculada ao setor econômico, Conceição de Ibitipoca tem a rotina abalada desde o último dia 18 de março, quando o Parque Estadual do Ibitipoca foi fechado em prevenção ao novo coronavírus. A situação foi agravada dois dias depois, quando a Prefeitura de Lima Duarte emitiu decreto restringindo o funcionamento de estabelecimentos comerciais em todo o município, atingindo a hotéis, pousadas e restaurantes.

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Ibitipoca teve a rotina modificada desde o último dia 18 de março, quando o Parque Estadual foi fechado em prevenção ao novo coronavírus (Foto: Marciano Júnior)

Apesar de algumas poucas pessoas burlarem o isolamento domiciliar, a reclusão foi devidamente adotada pela maioria da população de Ibitipoca, segundo o vice-presidente da Associação de Moradores e Amigos de Ibitipoca (Amai), Fred Fonseca. “Quem mora aqui (em Ibitipoca) e quem é de Lima Duarte está preocupado porque sabe do risco, por mais que queira voltar a trabalhar”, relata Fonseca. A fragilidade do sistema de saúde do município estimula a comunidade a tratar a situação com cautela, inclusive com doações de empresários para criação de dois leitos de estabilização de pacientes em um hospital da cidade.

Com pontos turísticos e pousadas fechadas, bem como a locação de imóveis, a entrada de pessoas de outras cidades se dá, sobretudo, por proprietários de casas que optaram por passar o período de isolamento no distrito, mas ainda há quem tente infrinja as regras do município. “Algumas pessoas ainda fazem vista grossa em cima disso. Não só no setor de hotelaria, mas na rede de locação de imóveis também, que é informal e mais difícil de controlar”, relata Fred Fonseca. Procurada pela reportagem, a Prefeitura confirmou que os aluguéis estão proibidos e o desrespeito está passível de advertência.

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Apoio aos moradores
Aliada à necessidade de interrupção das atividades para prevenir a população, no entanto, surge o agravamento da situação financeira. O comércio local é intrínseco ao turismo, o que levou à criação de uma rede solidária a partir da Amai. “Fizemos um auxílio emergencial por observar que a renda não está circulando como antes, e algumas pessoas, que viviam exclusivamente do turismo, estão passando por um período complexo”, conta Fred Fonseca. O auxílio consiste em arrecadação e direcionamento de cestas básicas para trabalhadores que não estão conseguindo suprir suas necessidades diárias devido às limitações impostas pelo vírus. Até o momento, 11 famílias foram assistidas com o auxílio que deverá durar enquanto as limitações estiverem em vigor.

Interessados em colaborar com o auxílio podem entrar em contato com Ronaldo Champak, secretário da Amai que coordena a arrecadação, pelo telefone: (32) 98454-9102.

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‘Crise e criatividade andam lado a lado’

Com o período de exceção, o delivery assume o protagonismo como alternativa viável para restaurantes locais conseguirem, ao menos, pagar as contas mensais. No Oliva Bistrô, além das entregas diariamente realizadas para clientes de Lima Duarte e Juiz de Fora, o restaurante mobiliza artistas e empresários locais em lives realizadas pelas redes sociais para engajar o público. “A música e a gastronomia formam o casamento perfeito. Então trouxemos o Manu, que é um cantor da região, e fizemos uma parceria com produtores para tentar, através de live, ganhar um dinheiro para fortalecer o trabalho de todos”, conta Ana Paula, proprietária do restaurante e idealizadora das interações on-lines, que são transmitidas, entre outras páginas, pelo perfil do Oliva Bistrô no Instagram.

No Quitutes da Beth, as receitas passadas por gerações na família do empresário Guilherme Ribeiro seguem chegando aos clientes de Lima Duarte e de Juiz de Fora por meio de entregas. Com trabalho forte de divulgação por meio de redes sociais, o empreendedor conseguiu engajar público e criar uma base de renda. “Como a nossa pousada está parada, o delivery foi a oportunidade de colocar as contas em dia e é uma oportunidade de ampliar nosso negócio. Uma frase que eu gosto muito é que ‘crise e criatividade andam lado a lado’, e nós estamos nos surpreendendo com o resultado”, celebra, aliviado, o empresário.

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Ribeiro tem a consciência, entretanto, que o sucesso do restaurante é um caso à parte no distrito. Outros empresários convivem com a necessidade de corte de gastos e demissão de funcionários para sobreviver ao período epidêmico, o que causa cobrança junto à Prefeitura de Lima Duarte para que haja um plano de retomada das atividades, mesmo que gradual. “Nós temos uma necessidade de que não se pense só em fechamento”, opina Guilherme, já pensando em efeitos colaterais que serão causados ao turismo local mesmo após a epidemia.

Foto: Marciano Júnior

Retomada indefinida
Em contato com a reportagem, o prefeito de Lima Duarte, Geraldo Gomes de Souza, admitiu que a paralisação acarretará em profundos danos à economia do município, mas explicou que a retomada seguirá as recomendações do Governo de Minas através do programa Minas Consciente. “Não depende de mim, depende dos governos federal e estadual. Quando houver uma sinalização pela retomada do turismo, a prefeitura vai acompanhar”, assegura.

Por outro lado, o município também não pensa em instalar barreiras sanitárias nas regiões limítrofes, uma vez que dificultaria até mesmo o trânsito de pessoas de Lima Duarte que trabalham em cidades vizinhas. “O que temos feito é impedir que o vírus chegue aos distritos, com fiscalização constante”, afirma.

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