Com apenas um médico legista, o Instituto Médico Legal (IML) vinculado à Delegacia Regional de Leopoldina, responsável também por outros 14 municípios do entorno, não tem dado conta de atender a todos os casos de necropsia. Com isso, algumas autópsias acabam sendo encaminhadas para o IML de Juiz de Fora, que fica cerca de cem quilômetros distante. Embora a Polícia Civil garanta que mantém a prestação do serviço para a sociedade, atendendo as demandas, a população reclama do aumento dos gastos dos familiares com mais deslocamentos e do próprio desgaste emocional em um momento tão delicado como a morte de um parente.
“Trata-se de questão de enorme interesse público que está aumentando em muito o sofrimento da população. O Instituto Médico Legal de Leopoldina não está realizando autópsias há alguns meses. Parece que não possuem mais médicos lotados nesta unidade do IML”, denuncia um morador daquela região, que preferiu preservar sua identidade.
Em nota, entretanto, a assessoria do 4º Departamento de Polícia Civil assegura que há um médico legista atuando em Leopoldina. “Os corpos são encaminhados para necropsia ao município de Juiz de Fora somente nos casos em que o profissional não está atuando no local, em razão do cumprimento de sua carga horária de trabalho prevista em lei. Além disso, a Delegacia Regional em Leopoldina expede suas próprias requisições de necropsia para encaminhamento da vítima ao outro município, nessa situação específica.”
Burocracia e sofrimento
Segundo o morador, o problema tem causado aumento da burocracia. “Todos os parentes de pessoas que foram a óbito e que demandam o serviço deste órgão público estão tendo que se dirigir primeiro a Leopoldina para obtenção de uma guia, mas seu sofrimento e angústia serão severamente ampliados (…) Somente em Juiz de Fora é que os parentes conseguirão a liberação do corpo do parente falecido oriundo de cidades como Além Paraíba, Recreio, Cataguases, Miraí, Itamarati de Minas, Dona Euzébia, Astolfo Dutra, etc. Além de todos seus distritos. Ou seja, uma pessoa que teve seu parente falecido em Além Paraíba, por exemplo, e resolveria essa burocracia em Leopoldina, agora precisa viajar não só até Leopoldina para obtenção de uma guia no IML, mas também até Juiz de Fora para receber o corpo após necropsia. Ou seja, um verdadeiro martírio para quem já está enfrentando dor tão grande como a morte de um ente familiar”, dispara o morador.
A Polícia Civil esclarece que, em relação às vítimas de outras cidades, o atendimento é realizado nas respectivas unidades policiais, com requisições expedidas nos próprios locais, nos casos de necessidade de encaminhamento ao município de Juiz de Fora. Portanto, não seria obrigatório o deslocamento até Leopoldina, como apontado pelo residente.
Polícia garante não haver sobrecarga no IML da cidade
A Polícia Civil nega uma possível sobrecarga de trabalho que poderia estar sendo ocasionada no IML de Juiz de Fora diante do atendimento das necessidades de outros municípios que não integram a 1ª Delegacia Regional. “O Instituto Médico Legal da cidade continua atendendo às demandas a ele direcionadas, inclusive tem realizado mais de quatro mil laudos por ano, conforme dados do chefe do Posto de Medicina Legal de Juiz de Fora, médico legista Glower Braga.”
A Polícia Civil não informou desde quando Leopoldina trabalha com apenas um legista, mas admitiu que a situação não é nova. “A Delegacia Regional em Leopoldina está se empenhando para conseguir o preenchimento da vaga, seguindo as normas relacionadas a remoções.”