Uma manifestação de produtores rurais fechou totalmente a MG-285, no entroncamento com a MCG-120, em Dona Euzébia, a aproximadamente 120 quilômetros de Juiz de Fora, na manhã desta quarta-feira (10). Segundo informações do Pelotão de Trânsito Rodoviário da Polícia Militar, cerca de 500 manifestantes participam do protesto. Os trabalhadores se posicionaram contra a ação de fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que notificaram e interditaram mudas de plantas produzidas na cidade e autuaram os produtores. A economia do município é impactada diretamente pela ação, visto que Dona Euzébia é a maior produtora de mudas cítricas de Minas Gerais e a segunda do país. Com a mobilização, os produtores buscavam chamar a atenção das autoridades para a situação, solicitando um novo modelo de fiscalização para o produto.
Barricadas com pneus foram feitas, e os manifestantes atearam fogo no material, impedindo a passagem de veículos, causando retenção no trecho. O tráfego ficou bloqueado nos dois sentidos da pista. Por volta das 16h10, de acordo com a PM, os participantes já tinham se dispersado. O Corpo de Bombeiros compareceu ao local para conter as chamas, e o tráfego ocorria com tranquilidade no local.
Imbróglio
A causa do movimento é a exigência da adequação para a produção de mudas, que exige que o cultivo seja feito dentro de telas e com substrato no solo. Com a pandemia, de acordo com o secretário de Agricultura do município, Luciano da Silva Pinto, muitos dos produtores não conseguiram fazer as mudanças no prazo estipulado e correm o risco de perder toda a produção. Luciano esteve presente ao lado do prefeito, Manoel Franklin Rodrigues (Cidadania) e garantiu que a mobilização foi pacífica. Eles pedem uma ampliação do prazo para cumprir a norma.
De acordo com o secretário, os trabalhadores têm produzido com os recursos que têm em mãos. “A produção que eles têm hoje é a céu aberto. A normativa impede que essas plantas sejam produzidas dessa forma. O Ministério pediu a fiscalização para intensificar as ações, interditando as plantas e notificando o produtor.” Esse setor, conforme Luciano, é responsável por 90% da economia do município e só é possível com o trabalho do agricultor familiar. “Notificar e interditar aquela planta vai desrespeitar o produtor e acabar com o município consequentemente”.
A expectativa do Executivo é a de que a ação ajude a chamar a atenção tanto para as necessidades políticas e jurídicas da cidade. Ainda durante o protesto, foram colhidas assinaturas em um abaixo-assinado, solicitando ao Governo federal a extensão do prazo, para que os trabalhadores possam colher a safra e garantir o recurso para fazer a adequação. “Muitos deles fizeram empréstimos. Se cortar as plantas e multar essas pessoas, elas não vão ter como pagar a dívida. Nós ficamos tristes porque a manifestação paralisa outras pessoas, mas é necessário para dar visibilidade a essa questão”.