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Despedida: fãs de Marília Mendonça relembram último encontro com a Rainha da Sofrência

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Show em Leopoldina, no dia 30 de outubro, foi um dos primeiros após retomada das apresentações após a paralisação causada pela pandemia (Foto: Divulgação Excess Produções)

“Há uma semana eu estava me arrumando para ir ao show dela”, conta Cleber Souza, juiz-forano que viajou 98 quilômetros para acompanhar o show de Marília Mendonça em Leopoldina, no dia 30 de outubro. “Foi um choque muito grande, eu estava saindo do trabalho quando fiquei sabendo da notícia. Quando veio a confirmação da morte dela, já comecei a chorar.”

O sentimento de perda que assolou o Brasil na tarde da última sexta-feira (5), após a cantora morrer em um acidente aéreo em Caratinga, atingiu de forma particular os fãs que acompanhavam Marília desde o início da carreira. Por conta da pandemia, a cantora estava afastada há quase dois anos dos palcos, e o show em Leopoldina foi um dos primeiros após a retomada dos eventos, no qual a Rainha da Sofrência cantou para um público de cerca de seis mil pessoas.

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“Quando ela entrou no palco foi uma energia muito boa, nem a gente esperava que o retorno fosse ser tão grandioso. Ela estava muito feliz, ficou muito emocionada, foi um show que entrou para a história dos fãs e da cidade também”, conta Cléber.

O produtor de eventos Iago Xavier acompanhou o retorno de Marília de perto. Ele integra a equipe que esteve à frente dos últimos shows da cantora e afirma que as expectativas para essa retomada eram grandes. “Ela estava animada, após dois anos sem estar nos palcos, a voltar para aquela multidão de gente. Era perceptível a animação dela, a alegria no camarim. Dava pra ver que ela fazia aquilo não pelo dinheiro, mas por paixão. O atendimento com toda a equipe foi incrível, e o show foi um grande sucesso.”

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‘Energia surreal’

Dos cinco shows da cantora que a fã Duda Ferrari participou, o último, em Leopoldina, foi o mais marcante para ela. Nele, mesmo sem saber, Duda se despedia de sua artista preferida que, indiretamente, estava presente em boa parte de seu dia. “Nos últimos tempos, eu vinha acompanhando mais de perto a carreira da Marília. Eu e minha irmã criamos um fã clube para ela, o @mariliamuai, e, várias vezes, ela curtia nossas postagens no Twitter, a gente ia à loucura, como se fosse coisa de outro mundo. Isso era dela, sempre mantinha esse contato próximo com os fãs.”

Duda, que é de Cataguases, já viajou duas vezes para Leopoldina, duas para Muriaé e uma para Ubá para acompanhar a cantora. “Nesse último show, ela transmitiu para gente uma energia surreal, quando ela subiu no palco e viu aquele monte de gente, ela disse que a perna dela até bambeou.” Para Duda, a morte de Marília representa uma perda gigante para todo o Brasil e, principalmente, para os fãs, que tinham suas vidas impactadas pelo trabalho da cantora. “Na verdade, eu sinto que a ficha ainda não caiu. É muito triste, ela estava longe, mas se fazia tão perto, eu sinto como se tivesse sido alguém da minha família.”

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Cerca de seis mil pessoas acompanharam última apresentação da cantora na Zona da Mata (Foto: Divulgação Excess Produções)

Já para Cynara Rocha, o show de Leopoldina foi a concretização de um sonho já antigo. Ela, que é de Além Paraíba, teve a oportunidade de ir pela primeira vez no show da Marília Mendonça e ficou encantada: “Foi um show maravilhoso, ela tinha um carisma e um amor pelo que ela fazia que dava para a gente sentir. Em uma parte do show ela disse que estava com saudades do Léo, filho dela, olhou no relógio e falou ‘Essa hora ele está no quinto sono’, rindo e brincando. O tempo todo ela era muito comunicativa com o público”.

Cynara também afirma que, para ela, Marília era um modelo de mulher. “Ela dava voz a muitas mulheres e sempre demonstrou ser uma pessoa forte e empoderada. E eu acho que é isso que toda mulher deve ser: forte, empoderada e independente.”

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Fãs se despedem em velório

(Agência Brasil) – Uma fila quilométrica com milhares de fãs foi formada para acessar o Goiânia Arena, ginásio onde ocorre o velório da cantora e de seu tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho. Estima-se que cerca de cem mil pessoas irão transitar pelo local. A capacidade do ginásio Goiânia Arena, em sua lotação máxima, é de 15 mil, o que não deverá ser atingido devido aos protocolos sanitários de prevenção à Covid-19.

O velório, que teve início por volta de 13h, tem previsão de término às 17h30, horário em que está marcado o sepultamento, e contará com a presença apenas de familiares. A despedida movimenta fãs desolados. Jéssica Oliveira passou a noite na porta do ginásio se preparando para se despedir. Ela conta que chegou ao local às 22h de sexta (5).

“Eu madruguei aqui. Trouxe café, água, cobertor”, disse em entrevista à TV Brasil Central, emissora pública vinculada ao governo de Goiás e afiliada à TV Cultura. “Até 6h não tinha ninguém. Aí as pessoas começaram a chegar. É um impacto grande demais. Demorou muito pra ficha cair”, acrescentou Jéssica.

Há registro da presença de fãs que viajaram mais de cem quilômetros para marcar presença. Ketholyn Vitória diz que ainda é muito difícil acreditar. “Ontem passei o dia escutando música dela. Quando fiquei sabendo, caí aos prantos. Chorei a noite inteira”, relatou à emissora goiana. “É um pesadelo. Parece que vamos acordar e ter ela de volta fazendo seus shows”, disse Tauan Pereira, que também foi ouvido pela TV.

Nomes do sertanejo como Henrique e Juliano, Di Paullo e Paulino, Maiara e Maraísa e Nayara Azevedo participam do velório. Coroas de flores são assinadas por Zezé di Camargo, Chitãozinho e Xororó, Bruno e Marrone, Zé Neto e Cristiano, entre outros.

Voz feminina marcante no sertanejo nacional

(Agência Estado) – A cantora Marília Mendonça deixou um legado relevante para a representação feminina no gênero musical sertanejo, além do filho pequeno Léo, de pouco menos de 2 anos.

Goiana de Cristianópolis, Marília começou sua carreira musical como compositora, escrevendo sucessos para duplas como Henrique & Juliano, João Neto & Frederico, Matheus & Kauan e Jorge e Matheus, além dos cantores Wesley Safadão e Cristiano Araújo, também morto prematuramente em um acidente automobilístico ocorrido em 2015.

Foi apenas a partir de 2014, após emplacar várias músicas como compositora, como “Até Você Voltar”, “Cuida Bem Dela” e “É com ela que eu estou”, na voz de outros artistas, que Marília Mendonça se lançou como cantora em carreira solo.

Em 2015, a cantora despontou com o sucesso “Infiel”, uma das músicas mais executadas nas rádios brasileiras e que tem mais que um aspecto autoral, algo de familiar. “Minha tia foi casada por muitos anos e, de repente, descobriu que o marido estava traindo ela. Só que, além de ele estar traindo ela, ele arrumou um filho fora do casamento. E aí, eu fiquei com muita raiva, fiz a música e fui mostrar pra minha tia. Mas não adiantou nada, ela está com ele até hoje”, contou em entrevista a Tatá Werneck.

Para justificar a sofrência de suas composições – que a cantora dizia serem mais de 300 apenas em 2017 -, Marília alegava experiências próprias, como um relacionamento que teve ainda muito jovem. “Tudo na minha vida foi precoce, meu primeiro chifre foi aos 12 anos de idade”, disse no programa Lady Night, do Multishow. “Eu namorava de pegar na mão, só que eu namorava um menino mais velho, e como eu gostava dele, minha mãe falava, pode namorar.”

Se suas letras, mesmo aquelas compostas para vozes masculinas, já haviam dado indícios de uma postura mais feminina no sertanejo, foi em 2016, com “Agora É Que São Elas”, parceria com Maiara & Maraisa, que ela se firmou como uma das principais vozes femininas do estilo. O trio continuaria lançando músicas em conjunto até recentemente.

Depois disso, Marília chegou a figurar, em 2019, como a artista brasileira mais ouvida em um ranking do YouTube, e a 13ª em todo o mundo. Nesse mesmo ano, Marília venceu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Sertaneja por Todos os Cantos, uma das principais premiações da carreira.

Neste ano de 2021, a cantora já havia lançado Nosso Amor Envelheceu, seu mais recente álbum solo. No dia do acidente, Marília havia estreado a música Fã Clube, parceria com Maiara & Maraisa.

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