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Temporal atinge Simão Pereira e deixa 15 famílias desabrigadas

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Limpeza das vias começou logo após a passagem da forte chuva que atingiu a cidade (Foto: Marcelo Ribeiro)

Uma tempestade na tarde desta quarta-feira (5) em Simão Pereira, há cerca de 30 quilômetros de Juiz de Fora, causou estragos na cidade. A Defesa Civil da cidade informou que, até as 20h, cerca de 15 famílias estariam desabrigadas, totalizando 50 pessoas. Todas foram encaminhadas para a Escola Municipal Conceição Aparecida Rosso e iriam passar a noite na instituição.

Viaturas do Corpo de Bombeiros foram deslocadas ao local, assim como outras  equipes do Samu. A informação preliminar é de que várias pessoas ficaram feridas, mas apenas duas precisaram ser socorridas pelo serviço de atendimento móvel de saúde e foram removidas para Juiz de Fora. Houve várias quedas de árvore. Uma delas, situada dentro de um condomínio, teria atingido uma residência. Outra, que caiu às margens da BR-040, próximo à praça de pedágio, fechou totalmente a rodovia no sentido Rio de Janeiro. Por volta das 19h, depois da limpeza de funcionários da Concer, o trecho foi liberado. Ainda conforme os bombeiros, em virtude do grande volume de precipitações, algumas ruas sofreram inundações. Houve interrupção do fornecimento de energia elétrica. Até por volta das 20h, o serviço não havia sido restabelecido.

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Residência destalhada em Simão Pereira (Foto: Leonardo José de Souza Resende)

O motorista Pedro Mendonça, 47 anos, foi surpreendido pela chuva quando chegava para fazer uma entrega naquele município. Autônomo, ele dirigia seu caminhão no momento da queda do granizo na entrada de Simão Pereira, por volta de 16h. Assustado com a força do vento, ele tentou retornar para Juiz de Fora, mas não havia visibilidade na estrada. “Tive que parar, não consegui chegar dentro da cidade. Além da intensidade da chuva, a força do vento derrubou muitas árvores. Tive medo que meu caminhão fosse atingido por uma delas”, contou Pedro, assustado com o que viveu. Segundo ele, a queda de granizo durou quase meia hora, provocando pequenos danos no caminhão que ele usa para fazer transporte e mudanças. Pedro só conseguiu retornar para Juiz de Fora após a diminuição do temporal.

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A caminho do local, a reportagem da Tribuna flagrou um grupo de dez moradores na rodovia, realizando a desobstrução de galhos com auxílio de um trator. No sítio Olho D’Água, o proprietário Natércio Ferreira Rocha foi surpreendido pela queda de uma árvore centenária. A árvore caiu na entrada do imóvel, interditando a passagem do morador para a entrada principal. Segundo Natércio, situação parecida não havia sido presenciada há 18 anos, desde quando ele adquiriu a propriedade. “Foram cerca de 20 minutos de chuvas com este estrago todo. Parte da minha casa destelhou e não conseguimos acessá-la. A sorte foi que ninguém ficou ferido”, diz. Já o pedreiro Paulo Souza contou que a residência dele também foi atingida por uma árvore, e a preocupação é com a esposa. “Minha mulher é doente, e tenho medo de ela passar mal. Como vou retirá-la de lá com essa árvore enorme na nossa varanda? Ainda não sei o que fazer.”

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Funcionária da Secretaria de Saúde mostra situação do local onde ficam armazenados os medicamentos atingidos pelo alagamento (Foto: Marcelo Ribeiro)

O proprietário de uma loja de material de construção, José Luiz, cedeu o caminhão próprio e ferramentas para a desobstrução da Rua Vicente Megiolario, no Bairro Balança, que foi interditada por uma árvore. Segundo ele, o estabelecimento ficou alagado e teve parte das telhas carregadas pelo vento. O carro do José Luiz foi danificado pelo granizo. “Elas (as pedras) eram enormes, do tamanho de uma bola de golfe. Minha lanterna quebrou e a lataria foi avariada”. Assim como José Luís, a moradora Leda Lorenzi aguardava por mais de três horas para chegar à sua casa. “Fomos à padaria e com a chuva ficamos presas. Só ouvi o barulho do vento muito forte e escutamos o granizo caindo. Agora estamos esperando liberar a rua”. Um motoboy, que preferiu não se identificar, saiu para uma entrega quando se deparou com a situação caótica na estrada. “Vi o grupo limpando a pista e resolvi parar meu trabalho para ajudar. Quando acalmar a situação, volto com as entregas.”

Segundo Rodrigo Gomes, titular da Secretaria de Saúde da cidade, pedidos se exames, tratamentos e cirurgias , além de medicamentos, foram atingidos na sede da pasta. “As vacinas têm prazo de validade e irão estragar se a luz não voltar”, disse”. Conforme ele, o prejuízo inicialmente estimado, somente em relação aos remédios, chegaria a R$ 100 mil.

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Vítimas foram encaminhadas para JF

Segundo o Samu, várias ligações para a central de atendimento apontavam múltiplas vítimas em decorrência das chuvas. Contudo, apenas duas pessoas precisaram ser socorridas pelo serviço de atendimento móvel de saúde. Um rapaz de 28 anos foi atingido por uma descarga elétrica e teve que ser conduzido para a UPA São Pedro. Ele apresentava edema na cabeça e vermelhidão pelo corpo, em função dos granizos. Uma outra mulher, 56, foi atingida por partes de um telhado e precisou ser hospitalizada no Monte Sinai. As demais teriam sido transportadas por serviços particulares de urgência e emergência, enquanto parte foi socorrida por meios próprios.

Outras cidades da região foram atingidas

Além de Simão Pereira, outras cidades da região também tiveram registro de granizo, como em Piau e Tabuleiro. O morador de Córrego dos Almeidas, na Vila Boa Vista, Zona Rural de Piau, Ricardo Ribeiro de Oliveira, disse que a chuva começou por volta das 17h e houve ocorrência de granizo. “Foi uma chuva muito forte, com muitos ventos e depois com as pedras. Estamos muito preocupados”, pontua. A Cemig confirmou a falta de energia elétrica na cidade, assim como em outros pontos da região, que também registraram chuva. Funcionários da empresa, segundo a assessoria de comunicação da companhia, estão trabalhando na normalização do serviço. A previsão é de que todos os trabalhos prossigam durante a madrugada e só sejam finalizados na manhã desta quinta.

Umidade e calor favoreceram o cenário

Segundo o geógrafo e especialista em climatologia, Thiago Oliveira Santos, a tempestade ocorrida na Zona da Mata teve relação com a combinação de umidade na atmosfera e com o calor, que favoreceu a formação de nuvens de tempestade, de caráter de intensidade de moderado a forte, como ocorreu em Simão Pereira. “Essas tempestades são acompanhadas de rajadas de vento muito fortes. Esses fatores provocam danos. Além da intensidade, o volume de chuvas, em poucas horas, pode favorecer o acúmulo de água nas vias, nos locais de tráfego, sobrecarregando os sistemas de captação pluvial, causando  alagamentos e outros diversos transtornos.” Ainda de acordo com Thiago, as condições meteorológicas desta quarta-feira (5) puderam facilitar a incidência de granizo, como registrado nas cidades da região.

“As condições facilitam a subida do ar quente, formando nuvens e, na baixa atmosfera, quando as temperaturas não são tão elevadas, favorecem a precipitação do granizo formado na alta atmosfera, fazendo com que ele chegue mais facilmente na superfície.”

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