Uma carta em defesa da democracia e do sistema eleitoral brasileiro foi divulgada nesta terça-feira (26), reunindo assinaturas de ex-ministros, artistas, banqueiros e acadêmicos, após seguidos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra as urnas eletrônicas. O documento e a lista de signatários foram publicados no site da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Carlos Ayres Britto, Carlos Velloso, Cezar Peluso, Ellen Gracie, Eros Grau, Marco Aurélio Mello, Sepúlveda Pertence e Sydney Sanches são os ex-ministros do STF que assinam o documento.
Um trecho da carta diz que recentes “ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o Estado Democrático de Direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira”. E prossegue: “Nos próximos dias, em meio a estes desafios, teremos o início da campanha eleitoral para a renovação dos mandatos dos legislativos e executivos estaduais e federais. Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos”.
Além dos ex-ministros do STF, assinam a carta também nomes como os de Roberto Setubal e Candido Bracher, do Itaú Unibanco, Pedro Passos e Guilherme Leal, da Natura, Walter Schalka, da Suzano, e o ex-ministro da Fazenda, Pedro Malan. “São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional”, diz o texto que, sem citar nomes, faz uma dura crítica aos recentes ataques às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral promovidos por Bolsonaro. Até o momento, a carta recebeu 3 mil assinaturas.
Conforme o “Estadão” mostrou na quarta-feira passada, empresários e juristas têm se articulado para unir forças em torno de uma mobilização que terá como ápice um ato no dia 11 de agosto, nas arcadas do Largo de São Francisco, no Centro de São Paulo. O atual manifesto é inspirado na Carta aos Brasileiros de 1977 – um texto de repúdio ao regime militar, redigido pelo jurista Goffredo Silva Telles, e lido também num 11 de agosto, na mesma faculdade do Largo de São Francisco.