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Juiz-foranos vão às urnas para escolher futuro prefeito

Margarida Salomão está em seu terceiro mandato como deputada federal, é professora e foi reitora da UFJF por dois mandatos. Foi secretária municipal de Administração e de Governo na gestão de Tarcísio Delgado (Foto: Fernando Priamo) Wilson Rezato é empresário do ramo da construção civil. É engenheiro civil formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora e também técnico em edificações pelo CTU (Foto: Fernando Priamo)

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Após duas semanas e uma campanha de segundo turno muito curta, a deputada federal Margarida Salomão (PT) e o empresário Wilson Rezato (PSB) voltam a testar seus prestígios e colocam seus nomes para a avaliação do eleitorado juiz-forano. Em jogo, o comando da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) pelos próximos quatro anos. Assim, 410 mil eleitores da cidade estão aptos a manifestar suas vontades em pleito que acontece entre as 7h e as 17h, sendo que o período das 7h às 10h é preferencial para eleitores com idade a partir dos 60 anos.

A disputa que marca a sucessão do prefeito Antônio Almas (PSDB) marcará um novo capítulo na história política da cidade, que terá pela primeira vez, um partido que se posiciona mais à esquerda no espectro político nacional à frente do Município desde a redemocratização do país a partir da segunda metade da década de 1980. Isso porque nem PT nem PSB jamais ocupou o Poder Executivo municipal.

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Mais do que isso, a ampla maioria dos partidos que integram as coligações de Margarida e Wilson jamais exerceu a titularidade da Prefeitura. No caso da deputada federal, sua empreitada une PT e PV. Já o empresário, além do PSB, tem em seu entorno legendas como o Democratas, o PL, o PSD e o Cidadania.

A exceção no caso é o PL, que chegou a ocupar a PJF quando ainda chamava PR sob a caneta do ex-prefeito José Eduardo Araújo, que assumiu o comando do Município após o afastamento e a renúncia do ex-prefeito Carlos Alberto Bejani (à época, no PTB e, hoje, no PSL) em 2008. Na ocasião, Bejani chegou a ser preso em meio às denúncias que integraram a Operação Pasárgada.

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Nos últimos 30 anos, cadeira foi ocupada por PTC, PSDB, MDB e PTB

Aliás, desde a redemocratização a partir de 1985, Bejani foi o primeiro prefeito de Juiz de Fora. Ele chegou ao seu primeiro mandato pelo então PJ, partido que hoje atende pela sigla PTC e que, no primeiro turno, lançou o pastor Aloízio Penido como candidato à PJF.

Prefeitos que administraram Juiz de Fora desde a redemocratização do país a partir da segunda metade da década de 1980 (Fotos: Fernando Priamo)

Em 1992, o PSDB chegou ao Governo com a eleição do ex-prefeito Custódio Mattos, hoje no Cidadania, para seu primeiro mandato. Na sequência, veio PMDB, hoje MDB, por dois mandatos com a eleição e a reeleição de Tarcísio Delgado (hoje no PSB), em 1996 e 2000.

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Nas eleições de 2004, o PTB assume a PJF com a eleição de Bejani para um novo mandato. Em 2008, Custódio vence o pleito e leva o PSDB de volta à chefia do Executivo. Em 2012 e 2016, MDB sai vitorioso com a eleição e a reeleição de Bruno Siqueira (MDB), que renunciou em 2018 e abriu espaço para a volta dos tucanos com a ascensão de Antônio Almas ao comando da Prefeitura.

Prefeito e ex-prefeitos evitam manifestações públicas; Tarcísio é exceção

Com relação ao atual prefeito e os ex-prefeitos de Juiz de Fora, o único apoio público a um dos candidatos que disputam o segundo turno foi feito por Tarcísio Delgado, que manifestou voto em Wilson.

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Tarcísio defendeu o candidato do PSB por seu perfil de “gestor”, apesar de considerar Margarida “intelectualmente mais preparada”. Integrando o Cidadania, o apoio de Custódio a Wilson pode ser considerado como natural.

Os demais ex-prefeitos – Bejani, Bruno e José Eduardo – e o atual prefeito – Antônio Almas – não fizeram manifestações públicas de apoio a Margarida ou a Wilson.

Ione e Sheila não declararam apoio aos candidatos

Com relação aos outros nove nomes que disputaram a Prefeitura no primeiro turno das eleições municipais, a delegada da Polícia Civil Ione Barbosa (Republicanos) e a deputada estadual Sheila Oliveira (PSL) se mantiveram neutras no segundo e não declararam apoio a nenhum dos dois candidatos envolvidos nas eleições deste domingo. Ione foi a terceira mais votada no último dia 15 de novembro. Sheila, a quarta. Quinto colocado, o engenheiro Eduardo Lucas (DC) também não fez manifestação de voto.

Margarida recebeu a declaração de apoio de Fernando Elioterio (PCdoB), Lorene Figueiredo (PSOL), Marcos Ribeiro (Rede) e do PSTU, que no primeiro turno lançou a professora Victória Mello (PSTU) como candidata à PJF e declarou “voto crítico” à deputada. Manifestaram apoio a Wilson, o pastor Aloízio Penido e o general da reserva Marco Felício PRTB).

Wilson Rezato é empresário do ramo da construção civil. É engenheiro civil formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora e também técnico em edificações pelo CTU (Foto: Fernando Priamo)

No primeiro turno, Margarida teve 39,6% dos votos válidos; Wilson, 23%

Aos 70 anos, a deputada federal Margarida Salomão chega para o segundo turno após ter recebido 102.489 votos, 42 mil a mais que seu adversário, o empresário Wilson Rezato. Tal desempenho corresponde a 39,46% da votação válida. Wilson, que tem 59 anos, avançou para a etapa plebiscitária da disputa com o apoio de 59.633 eleitores, 22,96% da votação válida. Os dois candidatos são naturais de Juiz de Fora.

Margarida Salomão está em seu terceiro mandato como deputada federal, é professora e foi reitora da UFJF por dois mandatos. Foi secretária municipal de Administração e de Governo na gestão de Tarcísio Delgado (Foto: Fernando Priamo)

Na apuração do último dia 15 de novembro, apareceram na sequência Ione Barbosa (Republicanos), na terceira colocação, com 56.699 votos, 21.83% da votação válida; Sheila Oliveira (PSL), com 26.068 votos, 10,04%; engenheiro Eduardo Lucas (DC), 4.048 votos (1,56%); o pastor Aloízio Penido (PTC), 2.478 votos (0,95%); a professora Lorene Figueiredo (PSOL), 2.381 votos (0,92%); o advogado Marcos Ribeiro (Rede), 1.952 votos (0,75%); o general da reserva Marco Felício (PRTB), 1.813 votos (0,7%); o servidor público federal Fernando Elioterio (PCdoB), 1.807 votos (0,7%); e a professora Victória Mello (PSTU), 353 votos (0,14%).

410 mil eleitores estão aptos a votar em JF

No segundo turno das eleições municipais deste domingo, 410.339 eleitores estavam todos a votar em Juiz de Fora. Contudo, em meio à pandemia da Covid-19, a cidade registrou abstenção recorde no primeiro turno, realizado no último domingo (15).

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 113.983 eleitores não compareceram às urnas. A marca corresponde a 27,77% do eleitorado local.

Assim, com a quantidade de pessoas que ficaram alheias ao processo eleitoral, o número de faltosos supera em mais de dez mil os 102.489 votos obtidos pela primeira colocada no primeiro turno, Margarida Salomão, e em mais de 54 mil o total obtido por Wilson Rezato.
Brancos e nulos

Também no primeiro turno, os votos brancos foram manifestados por 12.532 eleitores e os nulos por 24.103 votantes. Juntos, estes recortes somaram 12,36% do eleitorado e, se acrescidos ao total de abstenções, elevam para 40% a porcentagem de eleitores que não escolheram qualquer um dos candidatos apresentados para gerir a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) a partir de janeiro.

Abstenção traça curva ascendente desde 2008

Em 2008, quando havia 368.011 eleitores aptos a participar do pleito em Juiz de Fora, 14,84% não foram votar no primeiro turno. Quatro anos depois, em 2012, quando o eleitorado reunia 386.662 pessoas, 17,33% delas se abstiveram na primeira etapa do pleito. Já em 2016, a porcentagem de faltosos chegou a 20,04%, do total de 395.425 votantes que formavam o eleitorado local à época.

O comparecimento dos eleitores juiz-foranos às urnas também sofreu queda entre as eleições presidenciais de 2014 e 2018, passando de 18,64% de abstenções para 20,34% entre um processo eleitoral e outro.

Margarida está em sua quarta disputa

Deputada em seu terceiro mandato, Margarida está em sua quarta candidatura à Prefeitura como cabeça de chapa do PT. Em todas as ocasiões, ela sempre chegou ao segundo turno. Em 2008, foi pelo ex-prefeito Custódio Mattos (Cidadania, à época no PSDB). Em 2012 e 2016, por Bruno Siqueira (MDB).

Margarida, que é professora, também foi reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) por dois mandatos, entre 1998 e 2006. Na década de 1980, ela foi secretária municipal de Administração e de Governo durante o primeiro mandato de Tarcísio Delgado, à época no PMDB.

Tanto que, nas eleições municipais de 1988, ela integrou a chapa de situação na sucessão de Tarcísio e foi candidata a vice-prefeita na coligação do então PMDB, encabeçada pelo professor Murílio Hingel.

O vice-prefeito de Margarida é o vereador Kennedy Ribeiro (PV).

Wilson tenta pela segunda vez

Por sua vez, o empresário Wilson Rezato disputou sua primeira eleição já como candidato à Prefeitura no pleito municipal de 2016.

Na ocasião, ficou na quarta colocação, atrás de Bruno, prefeito eleito, Margarida e do deputado estadual Noraldino Júnior (PSC), que, recentemente, manifestou apoio a Margarida, segundo a própria candidata.

Para além da política, Wilson é empresário do ramo da construção civil. É engenheiro civil formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e também técnico em edificações pelo Curso Técnico Universitário (CTU).

Wilson tem como candidato a vice-prefeito em sua chapa o coronel veterano da Polícia Militar Alexandre Nocelli (DEM).

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