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Custódio defende ‘sacrifícios pessoais’ de tucanos

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Ex-prefeito de Juiz de Fora por dois mandatos e principal quadro do PSDB em Juiz de Fora, Custódio Mattos (PSDB) visitou as redações da Tribuna e da Rádio CBN Juiz de Fora na última quinta-feira e fez uma análise do atual momento político e eleitoral por qual passa Minas Gerais. O tucano mostrou temor acerca das finanças estaduais, considerando que, caso não haja uma mudança de rumos, Minas pode enfrentar dificuldades semelhantes às observadas no Rio de Janeiro – que ainda teria como salvaguarda o royalties do petróleo. Neste sentido, Custódio defendeu uma união de forças da oposição, como o senador Antonio Anastasia (PSDB), o ex-prefeito Márcio Lacerda (PSB) e o deputado federal Rodrigo Pacheco (DEM) – todos pré-candidatos ao Governo. Defendeu ainda que lideranças tucanas façam sacrifícios pessoais, citando o nome do senador Aécio Neves (PSDB), indicando que, para uma maior possibilidade de sucesso de Anastasia na urna, Aécio caminhe à margem das discussões eleitorais deste ano.

Custódio: “O PSDB, o PT e o MDB representam o establishment. O povo está de saco cheio da política. Tão de saco cheio que está rejeitando aqueles que, para eles, representam a política dominante” (Foto: Leonardo Costa)

“O PSDB está fazendo um esforço para apresentar o seu melhor quadro. Com o sacrifício pessoal que o Anastasia está fazendo, é justo que todo o partido faça de tudo para facilitar sua tarefa”, considerou o ex-prefeito. Neste sentido, Custódio afirma que o momento é de ponderação para as lideranças políticas, em especial para Aécio. “Ele tem que ponderar se não é o caso de concentrar seu talento, sua energia e sua inteligência na contestação das acusações que lhe são feitas. Ele mesmo já admitiu que errou, mas não cometeu crime. Então, acho que talvez fosse melhor Aécio se concentrar em comprovar isto. E que o Anastasia, com sua respeitabilidade, com a sua inteligência, faça sua campanha. As circunstâncias são difíceis. A campanha será ainda mais difícil se for tomada por um tema estranho a ela, algo que será inevitável caso seja feita em torno do nome do Aécio e não em torno de ideias e do programa de governo.”

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Projeto nacional

Sobre o projeto nacional do PSDB, que trabalha para viabilizar o nome do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o ex-prefeito de Juiz de Fora mostrou certo ceticismo com a possibilidade de sucesso na urna diante da atual conjuntura política brasileira. “O PSDB, o PT e o MDB representam o establishment. O povo está de saco cheio da política. Tão de saco cheio que está rejeitando aquele que, para eles, representam a política dominante. Por ironia, quem está preservado são aqueles que eram pequenos ou um ‘outsider'”, considerou, citando o exemplo do DEM, que, historicamente, desde que ainda se chamava PFL, caminhou à margem das gestões tucanas em poderes legislativos das três esferas e de um possível potencial eleitoral do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, apontado como outsider. Diante do estreitamento da polarização entre PT e PSDB, Custódio considerou que os tucanos acabaram sendo taxados com dois atributos que alimentam certa rejeição da população: o fato de ser apontado como a cara do sistema político e a cara das elites. “Pessoalmente, sou muito pessimista em relação à candidatura de Alckmin.”

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Rodrigo Mattos

Ainda falando sobre o processo eleitoral de outubro, Custódio justificou a saída de seu filho, o vereador e presidente da Câmara, Rodrigo Mattos, do PSDB para o PHS. Para o ex-prefeito, as recentes mudanças nas regras eleitorais, como a minirreforma de 2015, praticamente inviabilizam uma renovação substancial no Congresso Nacional e o surgimento de novas lideranças. Cenário este que teria motivado a troca de legenda de Rodrigo.

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“As mudanças tornaram impossível a competição dentro de um partido grande como o PSDB, que tem oito deputados federais por Minas e deve eleger cinco. Estes oito candidatos à reeleição já partem de uma posição de poder pelo fato de já serem deputados e terem acesso a emendas para destinar a prefeitos. Assim, eles já têm bases consolidadas.”

Custódio Mattos

O tucano recorda, ainda, a trajetória do filho. “Com quatro mandatos de vereador, 40 anos, presidente da Câmara por dois mandatos consecutivos com os votos de 18 vereadores, Rodrigo construiu sua própria liderança. Isto independentemente de mim, que já não estou mais na ativa. Como liderança é natural aspirar outros cargos. Cabe lembrar que ele tem a personalidade dele e a impetuosidade da idade. Assim, fez críticas a fatos que aconteceram com lideranças partidárias o que tornou o ambiente mais difícil para ele no partido. Estas razões motivaram a troca de partido.”

Ex-prefeito descarta participação na Prefeitura

Prefeito de Juiz de Fora por dois mandatos. Deputado estadual entre 1991 e 1992 e deputado federal por três legislaturas, entre 1998 e 2007. Experiência em cargos do primeiro escalão nos poderes Executivo de Juiz de Fora e de Belo Horizonte. O currículo de Custódio Mattos (PSDB) como administrador público é vasto. Segundo o tucano, tal biografia está à disposição do recém-empossado prefeito Antônio Almas (PSDB), que assumiu a cadeira no último dia 6 de abril, após a renúncia de Bruno Siqueira (MDB), que deve tentar uma cadeira parlamentar em outubro. Contudo, Custódio rechaçou, ao menos em um primeiro momento, especulações de que possa assumir uma secretaria na atual gestão, e considera que pode contribuir mais, tanto do ponto de vista político como técnico, estando fora do Governo.

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“Além de companheiro de partido, sou amigo e um admirador do Almas. Ele precisa formar um governo à sua feição e sob sua absoluta liderança. Já conversamos sobre isto. Estou à inteira disposição do Almas para conversar, para ajudar, para escrever e formular projetos, mas acho que ajudo mais fora da administração que dentro. Seria até uma honra para mim. Como já disse, me coloco como um liderado da Almas. Não tenho nenhum problema de orgulho. Nada disto. Seria uma honra para mim trabalhar com Almas e trabalhar com a equipe dele. Contribuo mais estando à disposição dele do que dentro. Ele vai firmar uma liderança própria e quero me tornar coadjuvante neste processo”, afirmou o ex-prefeito.

Para líder tucano, Almas deve comandar PSDB

Neste sentido, Custódio defendeu que Almas lidere o processo de escolha de um novo presidente para o diretório municipal do PSDB, cadeira vaga após afastamento do próprio Almas ao assumir a Prefeitura. Contudo, o tucano questionou posicionamentos recentes do deputado federal Marcus Pestana (PSDB), que defendeu uma reformulação do partido na cidade, após a ascensão de Almas à Prefeitura e a saída do presidente da Câmara, o vereador Rodrigo Mattos (PHS), da sigla.

“Em um partido que tem em seus quadros o prefeito, seja ele fosse quem fosse, é esperado que ele seja o líder natural do partido. Ainda mais no caso do Antônio Almas, que é uma pessoa de grande experiência política, de militância incontestável. Embora tenha sido até hoje uma espécie de líder natural do partido, pelos mandatos que tive, hoje me declaro liderado pelo prefeito Antônio Almas. Se alguém considera que o partido precisa de alguma reestruturação, esta deve passar pelo prefeito”, pontuou. Custódio ainda revisitou o passado e avaliou sua última empreitada eleitoral, quando, em 2012, tentou se reeleger prefeito, mas acabou alijado do segundo turno em contenda vencida pelo ex-prefeito Bruno Siqueira (MDB).

“A minha tendência sempre é de querer participar intensamente. Fiz um trabalho de articulação que era necessário naquele momento. Assim, fiquei muito restrito à parte técnica, ao trabalho de gabinete, a reuniões e a viagens. “

Custódio Mattos

Ele prossegue, considerando que errou na campanha. “Não cuidei o suficiente da parte de mobilização, de convencimento das pessoas e de fazer com que as pessoas se sentissem parte tanto do conhecimento do problema quanto da solução. Isto para mim seria o erro principal, o que pode ter resultado em uma ‘aparente’ injustiça, que não chega a ser, de fato, uma injustiça. Paguei pelo erro político que cometi. Mas isto nunca me trouxe qualquer mágoa ou ressentimento. Absolutamente. Nunca exerci o cargo com o intuito do poder pelo poder”, avaliou o tucano.

Sem mágoas
Por fim, o ex-prefeito afirmou que não guarda qualquer mágoa de Bruno Siqueira, que, nas eleições 2012, adotou tom crítico a última gestão de Custódio à frente da Prefeitura. Neste sentido, destacou, inclusive, a reaproximação com o emedebista nas eleições de 2008, quando o seu grupo político indicou Antônio Almas como vice-prefeito na chapa encabeçada por Bruno. O tucano disse se sentir realizado ao ver ações idealizadas em seu último Governo, entre 2009 e 2012, sendo tiradas do papel pelas gestões que o sucederam. “Isto me recompensa, independentemente de ter sido ou não o responsável pelo desfecho ou pela inauguração da obra. Quando eu vejo inaugurado o programa de creche que nós desenvolvemos, que foram oito que não cheguei a inaugurar, eu fico feliz. Da mesma forma, quando eu vejo a obra sendo feita de despoluição do córrego de São Pedro e sei que o fedor que tem lá vai ser resolvido, isto também me recompensa.”

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