Atualizada às 15h54
Brasília (AE) – Em menos de 5 minutos, o PMDB aprovou na tarde desta terça-feira, 29, por aclamação, a moção que ratifica o rompimento do partido com o governo da presidente Dilma Rousseff, com a recomendação de entrega imediata dos cargos no Governo federal.
No encontro do diretório nacional, na Câmara dos Deputados, estavam presentes vários caciques do partido, incluindo o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que acatou o pedido de impeachment contra Dilma, avaliado por uma comissão de parlamentares. No entanto, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não participaram da reunião.
Logo após abrir os trabalhos, o primeiro vice-presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), leu a moção do peemedebista baiano Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Integração Nacional, e informou que havia um entendimento que ela fosse aprovada por aclamação e simbólica, o que ocorreu em seguida.
Após a comemoração dos presentes, um grupo gritou, em coro, “Brasil, pra frente, Temer presidente” e Jucá emendou. “A partir de hoje, nessa reunião histórica, o PMDB se retira da base e ninguém no país está autorizado a exercer qualquer cargo federal em nome do PMDB”. Jucá encerrou o encontro com um “Viva o Brasil”, e membros do partido ainda tiveram tempo para entoar um “Fora PT”.
“Imediata”, mas sem prazo
Apresentada pelo diretório estadual da Bahia, a moção que aprovou o desembarque do PMDB do Governo pede a “imediata saída do partido da base de sustentação do governo Dilma Rousseff”, com “imediata entrega de todos os cargos”, mas não estabelece prazo para entrega desses postos.
Na moção, o partido defende o desembarque do governo Dilma Rousseff, elencando uma série de problemas. Entre eles, as crises “econômica, moral e política” que, na avaliação do diretório estadual baiano, o Brasil vive, e as “escolhas erradas nas ações do Governo federal”.
A legenda também considera que, embora Michel Temer seja vice-presidente da República, o partido “nunca foi chamado para discutir soluções econômicas ou políticas para o país”. No documento, a legenda cita ainda “escândalos de corrupção” que tiveram participação de integrantes do Governo, sem especificar que escândalos são esses.
Os peemedebistas afirmam que a “permanência do PMDB na base do Governo fomentará uma maior divisão do partido”. Essa divisão ficou explícita na própria reunião desta terça. Peemedebistas da ala governista, como o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani, não participaram do encontro.
Na moção, o PMDB considera ainda que a manutenção do partido na base aliada do governo Dilma Rousseff vai “de encontro à pretensão” da legenda de lançar candidato próprio na eleição presidencial de 2018 e, “principalmente, o anseio do povo brasileiro por mudanças urgentes na economia e política nacional”. O partido não cita a palavra impeachment no texto.
“Solicitamos a imediata saída do PMDB da base de sustentação do Governo federal com a entrega de todos os cargos em todas as esferas da administração pública federal”, conclui o texto da moção aprovada.