Também urbanista, o candidato do DC, empresário do ramo imobiliário, apontou que o atual Plano Diretor – responsável pelas diretrizes do ordenamento urbano de Juiz de Fora – foi desvirtuado ao tramitar entre Executivo e Legislativo após pressão política e imobiliária. “Percebemos claramente a pressão, tanto política quanto do mundo corporativo em benefício de poucos grupos e em detrimento de uma cidade bem resolvida, equilibrada, socialmente justa, sustentável e eficiente. Pretendemos convocar, urgentemente, um novo Plano Diretor. Temos que aproveitar toda a qualidade dos colóquios que aconteceram e ajustar um Plano Diretor que realmente equilibre a cidade. Em termos práticos, não adianta termos isso no papel se não temos capacidade de efetividade. Eu vivo de resolução de problemas.”
Conforme Eduardo Lucas, um dos objetivos é reduzir o número de unidades habitacionais exigido para a realização de Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), que, atualmente, é de 1.200. “Em primeiro lugar, na revisão do Plano Diretor, temos que tratar do limite de construção por EIV. O limite estar em 1.200 unidades habitacionais é uma hipocrisia com a população de Juiz de Fora. Quero, no máximo, 400 unidades, mas dependeríamos do mapa territorial, porque, em determinados lugares, 400 é muito.
Temos variedades de topografia, regiões mais adensadas, regiões com maior concentração de patrimônio histórico, etc. Isso não pode ser tratado como aconteceu. Tem que ser tratado com muito cuidado.”
Em relação à mobilidade urbana, o empresário manifestou a intenção de construir um anel rodoviário. “Precisamos de um anel rodoviário, mas é algo que a gente tem que tratar a médio ou longo prazo. (…) Emergencialmente falando, defendemos as estações de transbordo, o que podemos fazer com rapidez.
Uma delas seria a rodoviária, que está com a capacidade ociosa. Esses ônibus fariam esse trajeto e os outros viriam dos bairros até às estações de transbordo. O grande erro é o modelo centro/bairro. (…) Agora, o dever de casa mais óbvio que existe e deveria já ter sido feito é a transposição da linha férrea. A linha férrea foi extremamente importante no passado, mas agora somos reféns dos comboios de carga passando dentro de Juiz de Fora, matando pessoas, atravancando o trânsito, prejudicando a nossa economia etc.”
Internações de Covid-19
Questionado sobre as políticas de prevenção e enfrentamento à Covid-19 da Administração municipal, Eduardo apontou que “houve um exagero” do prefeito Antônio Almas (PSDB) ao priorizar a flexibilização de determinados setores econômicos em detrimento de outros. “Os supermercados continuaram funcionando também em condições normais, percebemos filas para pegar remédios na Farmácia Popular e as lojas de construção civil permaneceram abertas durante a pandemia. Além disso, as construtoras não pararam. É justo? Tenho notícias e informações que de 30% a 40% das micro e pequenas empresas faliram irremediavelmente. Então, tudo isso foi consequência de um exagero.”
Hospital João Penido
Para Eduardo Lucas, o Hospital Regional João Penido deveria ter concentrado todas as internações por Covid-19 para que cirurgias eletivas pudessem ter sido realizadas em outras unidades hospitalares. “O Expominas está subutilizado, então sugerimos que fosse feito um hospital de campanha, porque, naquela época, entendíamos que não poderia haver a distribuição de casos de Covid-19, não só de Juiz de Fora, mas da região, em hospitais discriminados. Posteriormente, o João Penido passou a ser uma referência e, também, em uma situação que, ao nosso ver, deveria ficar exclusivamente por conta disso, uma vez que nós continuamos ainda no processo de Covid-19.” Entretanto, o João Penido tem atualmente apenas 20 leitos de terapia intensiva vocacionados para Covid-19. De acordo com Eduardo, caso eleito, tentará viabilizar a concentração de internações na unidade.
‘Máquina inchada e ineficiente’
Contestado sobre políticas para o desenvolvimento econômico, Eduardo Lucas afirmou que, caso eleito, a prioridade seria o equilíbrio fiscal da PJF. “Salvo engano, Juiz de Fora tem 19 mil servidores, sendo que de quatro a cinco mil são comissionados ou terceirizados. (…) O salário de um prefeito é de aproximadamente R$ 20 mil. Temos conhecimento de pessoas que ganham R$ 45 mil. No ano de 2018, com o orçamento em torno de R$ 2 bilhões, apenas R$ 30 milhões foram gastos para cuidar da cidade.
Na nossa gestão, pretendemos diminuir as secretarias para no máximo dez, 12, porque é uma forma de buscar equilíbrio fiscal. Então, além da questão de uma máquina inchada e ineficiente, há uma série de outros gastos, outras rubricas onde os recursos municipais estão sendo drenados e não sobre valor para cuidar da cidade.”
Déficit educacional
Apesar de defender o enxugamento da máquina pública, o candidato do DC anunciou que efetivaria os trabalhadores em educação sob contrato temporário. “Temos que efetivar. É uma dicotomia que existe entre ter que enxugar a máquina – o que não seria feito de maneira traumática – e a efetivação de servidores, mas o que não pode é a cidade assumir o compromisso que não tem condições de arcar.”
Quanto ao déficit educacional dos alunos da rede municipal em 2020, o engenheiro propôs que “o ano não deve ser considerado como perdido, mas, sim, aproveitar da maneira que for. E, nos anos seguintes, ao meu ver, fazer um esforço a mais, aprimorando os meios de transmissão de conteúdo a partir de 2021”.