Afirmar que Juiz de Fora parou, de fato, durante a greve geral convocada por centrais e pelo Fórum Sindical e Popular em protesto contra as reformas trabalhista e previdenciária apresentada pelo Governo do presidente Michel Temer (PMDB) pode ser um exagero. No entanto, ao final do ato que, segundo organizadores, levou até 70 mil às ruas centrais da cidade entre a manhã e boa parte da tarde desta sexta-feira (28), lideranças da manifestação classificaram a mobilização como um sucesso, sendo considerada como a “maior da história da cidade”. A Polícia Militar (PM) não fez estimativas do número de presentes. Com várias categorias de braços cruzados e, principalmente, pelo fato de motoristas e cobradores terem se juntado à paralisação de atividades, mantendo os ônibus que prestam serviço de transporte coletivo retidos nas garagens desde a madrugada até as 15h30, a observação dos presentes ao ato foi de que o objetivo da agenda nacional, de dar um recado ao Governo e ao Congresso, foi alcançado.
O protesto reuniu mais de 52 entidades, entre centrais, sindicatos e movimentos sociais, que se revezaram no microfone durante toda a concentração e a passeata. que percorreu as avenidas Francisco Bernardino e Rio Branco. Além dos rodoviários, estiveram presentes metalúrgicos, servidores da Justiça do Trabalho, professores das redes municipal, estadual, federal e privada, médicos municipais, bancários, policiais civis, servidores da Prefeitura e comerciários, profissionais dos Correios, técnico-administrativos das instituições de ensino superior, entre outras classes profissionais. A unificação da pauta em torno do repúdio às reformas não significou restrição às bandeiras hasteadas durante o ato, que teve conotação plural. Durante a concentração na Praça da Estação, entre 9h e 11h, foi possível observar posições contrárias à Lei de Terceirização e à Lei da Reforma do Ensino Médio, além manifestação de amplo apoio à Operação Lava Jato.
Centrais e Fórum já projetam os próximos passos e garantem mobilização permanente para barrar a tramitação das reformas governistas.
Manifestação teve seis horas de duração
A paralisação dos rodoviários, que mantive os ônibus do transporte coletivo urbano nas garagens por mais de 15 horas, talvez, tenha sido a maior razão do cenário atípico que se viu nas ruas durante toda a manhã, quando um comércio esvaziado se contrapunha à grande concentração de manifestantes na Praça da Estação desde as 9h. Após um início tímido, o movimento do protesto ganhou corpo a partir das 10h, quando um grande grupo de estudantes universitários e secundaristas chegaram ao local em passeata vindos da UFJF, enquanto lideranças das entidades já se revezavam ao microfone de caminhão de som, reforçando posicionamentos contra as propostas do Governo Temer.
Por volta das 11h, os manifestantes começaram uma grande caminhada pela Avenida Francisco Bernardino em direção ao Mergulhão, para, em seguida, retornar pela Avenida Rio Branco até o Parque Halfeld. O percurso foi percorrido em cerca de quatro horas, até a dispersão, período em que o trânsito das vias centrais ficou bastante comprometido – o fluxo de veículos nas três pistas da Rio Branco, no trecho que vai do Mergulhão até a Rua Santa Rita, por exemplo, chegou a ficar interrompido por três horas. A manifestação foi encerrada por volta das 15h, apesar da resistência de pequenos grupos que acabaram cedendo após intermediação amistosa da PM.
Mobilizações isoladas
Atos isolados também foram registrados. Desde meio-dia, servidores ligados à Justiça do Trabalhos já faziam manifestações em sistema de som, falando aos pedestres que passavam pela Rio Branco; o ato foi engrossado por demais funcionários públicos do Judiciário quando a passeata chegou na altura do prédio da 1ª Vara do Trabalho de Juiz de Fora.