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Mais de 15 horas de paralisação dos ônibus

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Em frente à garagem da Viação Santa Luzia, no Bandeirantes, PM fez isolamento para garantir a saída dos coletivos na tarde desta sexta (Foto: Olavo Prazeres)

Depois de mais de 15 horas sem nenhum ônibus nas ruas de Juiz de Fora, os coletivos voltaram a circular por volta das 15h30, meia hora depois do fim do protesto nas ruas. Apesar do clima tenso na porta das garagens, com a pressão dos diretores das empresas, o ativismo dos manifestantes e o reforço do policiamento militar, a retomada do serviço foi garantida em todas as viações, exceto na Tusmil, em que um piquete impedia a retomada plena do serviço na cidade. A situação na empresa foi contornada cerca de uma hora depois, e os ônibus começaram a sair da garagem localizada no Bairro São Pedro por volta das 16h30. Conforme os Consórcios Integrados do Transporte Coletivo (Cinturb), além de a frota ter retornado às ruas, em alguns casos, houve reforço nas linhas para atender o horário de pico. Com o fim da manifestação no Centro, a retomada do serviço era esperada.

Na Tusmil, localizada no São Pedro, os ônibus só começaram a circular uma hora após a retomada em outras empresas. Conforme o comandante da 99ª Companhia da PM, capitão Erick Leal Lopes, os policiais militares acompanharam a mobilização na empresa desde 22h de quinta. Ele disse que a retomada do serviço, por volta das 16h30 desta sexta, foi tranquila e não houve resistência. Cobradores e motoristas tiveram dificuldades para chegar até a sede da empresa, na Avenida Senhor dos Passos, pela falta de condução, mas a empresa teria buscados os profissionais em suas residências. Por meio de uma funcionária do setor de tráfego, a empresa disse que não daria declarações, mas informou que todos os funcionários estavam empenhados para a normalização dos serviços, uma vez que cerca de 120 carros da Tusmil começaram a circular.

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O Cinturb informou, por meio de nota, que uma ação judicial está tramitando contra o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano (Sinttro) e seus diretores. A intenção é responsabilizá-los, civil e criminalmente, pelas consequências do movimento grevista. Por meio de nota, a entidade informou que foi feita convocação para uma reunião emergencial no Ministério do Trabalho, que seria realizada durante a manhã, mas os sindicalistas não compareceram. O posicionamento é que a entidade (Sinttro) e seus diretores já haviam sido citados em comunicação extrajudicial, emitida na tarde de quinta-feira, pela assessoria jurídica dos consórcios, “visando a evitar a paralisação da frota, ou circulação mínima, lembrando decisão judicial que determinava circulação mínima conforme parâmetro do movimento grevista anterior. O pedido foi de circulação de 80% pelo menos.”

Ainda conforme o Cinturb, ao longo do paralisação, os consórcios permaneceram empenhados em fazer a frota voltar a circular na cidade. Sobre o possível desconto no ponto dos trabalhadores que aderiram ao movimento, o posicionamento é que a decisão será definida em colegiado, em data a ser definida. O presidente do Sinttro, Vagner Evangelista, afirmou que não foi notificado sobre a ação e afirmou que, assim que a entidade for citada, fará a defesa. “É um direito nosso a greve geral. É um direito de todos os trabalhadores.” Sobre a reunião no Ministério do Trabalho, o posicionamento é que não foi possível o comparecimento, por conta do movimento.

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Tensão

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Nas últimas horas, a tensão começou a aumentar nas garagens. O policiamento foi reforçado, mas o sindicato da categoria afirmou que não impediria a saída dos coletivos, caso os trabalhadores quisessem voltar a trabalhar. Nas garagens, os supervisores chamavam motoristas e trocadores para assumirem seus postos. Entre os representantes da empresa, a expectativa era conseguir, o quanto antes, normalizar o serviço. Já entre alguns trabalhadores, havia o receio quanto à segurança caso os coletivos voltassem a rodar.

Em frente à garagem da Viação Santa Luzia, dezenas de funcionários que aderiram à greve, representantes do sindicato e outros manifestantes se concentraram desde o início da manhã, fazendo um cordão humano para impedir a saída dos coletivos. “Estou aqui porque chegamos a um ponto em que, se não reagirmos de alguma forma, nosso futuro estará muito comprometido. Estão acabando com os direitos dos trabalhadores. Tem que parar tudo mesmo para saberem que não vamos aceitar sem luta”, disse uma cobradora que preferiu não ser identificada.

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Durante toda a mobilização, uma viatura da Polícia Militar monitorou a movimentação. O primeiro veículo só conseguiu deixar a garagem pouco depois das 15h30, sob vaias e xingamentos dos participantes do protesto e após a chegada de mais três carros da corporação, com reforços de efetivo e armamento. Segundo o tenente Nelande César, a ação foi feita para garantir a segurança dos rodoviários que quisessem retomar o trabalho. Para um trabalhador, que preferiu não se identificar por temer represália, a operação policial foi uma tentativa de intimidar os grevistas. “Nosso direito de greve é assegurado por lei. A presença da polícia com espingardas, spray de pimenta e cacetetes tenta inibir o exercício deste direito, e claro que funciona. As pessoas ficam com medo mesmo. Não havia necessidade, todo o movimento foi pacífico até agora.” Depois da saída dos primeiros ônibus da garagem, o movimento foi se dispersando e, por volta das 16h, o número de manifestantes da categoria diminuiu consideravelmente, apesar de alguns representantes de outros movimentos pró-greve permanecerem no local.

Por meio de nota, a Secretaria de Transportes e Trânsito (Settra) informou que, com o retorno da circulação do transporte coletivo, fica suspensa a liberação da circulação de táxis pela pista central da Avenida Rio Branco e dos demais veículos pelas faixas exclusivas da Avenida Brasil, Coronel Vidal, Getúlio Vargas e Francisco Bernardino.

 

 

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