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Efeito Anitta: famosos mobilizam adolescentes a tirarem o título de eleitor

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Faltando sete meses para que os eleitores brasileiros voltem às urnas para as eleições de 2022, os adolescentes juiz-foranos com idade para participar do processo eleitoral pouco se movimentam para realizar o cadastro eleitoral. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de jovens entre 16 e 17 anos com o título eleitoral até fevereiro em Juiz de Fora é o segundo mais baixo para o mês nos últimos nove anos eleitorais. O baixo interesse local reflete tendências nacional e estadual.

De acordo com os números do TSE, 1.442 adolescentes fizeram o alistamento eleitoral até fevereiro. O índice só é melhor do que o observado no mesmo mês em 2018, quando apenas 1.018 jovens estavam aptos para a votação. Chama a atenção, também, que os dados juiz-foranos de 2022 têm queda substancial em relação a 2020, ano de eleições municipais, quando a cidade tinha 2.606 adolescentes com título. Ou seja, a queda foi de 55% no comparativo entre os dois últimos anos eleitorais.

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O movimento de queda é constatado também nos números de Minas Gerais. O estado tinha 72.379 jovens com título de eleitor até fevereiro, que representa um decréscimo em relação a 2020, quando 128.833 adolescentes estavam cadastrados; e 2018, quando 119.275 jovens estavam aptos a votar no mesmo mês.

Nacionalmente, são 834.986 pessoas de 16 e 17 anos com alistamento eleitoral, número que era acima de 1,5 milhão em 2020 e 1,4 milhão em 2018.

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De acordo com os números do TSE, 1.442 adolescentes fizeram o alistamento eleitoral até fevereiro deste ano (Foto: Fernando Priamo)

O “efeito Anitta”

Com o baixo interesse dos adolescentes, o TSE começou um tuitaço durante a Semana do Jovem Eleitor, que viralizou nas semanas seguintes com publicações de várias personalidades brasileiras, incentivando os jovens a fazer o cadastro eleitoral. Segundo o Tribunal, foram mais de 6,8 mil tuítes durante a primeira semana, em campanha que alcançou celebridades como Lázaro Ramos, Taís Araújo e Larissa Manoela. Clubes de futebol, como Flamengo e Corinthians, além de bandas e outros perfis populares, como a fanbase do grupo coreano BTS, também aderiram ao movimento.

A impulsão no interesse dos jovens, entretanto, alcançou outro patamar nesta semana, com o “efeito Anitta”. A popular cantora brasileira, que tem mais de 16 milhões de seguidores no Twitter, fez publicações para incentivar os adolescentes alcançando mais de 240 mil curtidas. “Então agora é isso hein… me pediu foto quando me encontrou em algum lugar? Se for maior de 16 eu só tiro a foto se tiver foto do título de eleitor”, publicou.

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Em Juiz de Fora, o recado foi ouvido e deu resultado, segundo o servidor da Justiça Eleitoral Eduardo Braga. Após a publicação, o número de cadastros de adolescentes na cidade saltou de uma média de 50 por dia para 260 entre quarta-feira (23) e quinta (24). “(A Anitta) é uma pessoa famosa que tem uma comunicação com esses jovens”, avalia Braga. “O Tribunal tem o costume de fazer campanhas em rádio e em TV, mas a questão é a dificuldade em atingir esse público de 16 e 17 anos, que tem interesses específicos”.

Momento inspira reflexões, diz especialista

Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Jorge Chaloub acredita que o interesse na política e o interesse nas eleições são fatores diferentes. “Em 2013, nós tivemos manifestações de ruas com muitos jovens, o que denota um interesse político. Mas, naquele interesse político, havia um desencanto com as eleições”, lembra o especialista.

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A queda na presença eleitoral dos jovens passa, segundo o professor, pela ideia de que a contribuição individual faz pouca diferença nas eleições ou que há pouca diferença entre os candidatos. O momento também pode inspirar análises sobre quais fatores mobilizam os jovens. “Quais são os discursos que se distinguem, quais são os discursos que conseguem levar as pessoas a se engajarem numa campanha ou, no caso atual, essa campanha para tirar um título (eleitoral) que não é obrigatório”, reflete.

Independentemente do efeito que a atual mobilização terá nas eleições de outubro, Chaloub acredita que ela, ao menos, levanta discussões necessárias. “Eu acho que tem o resultado de trazer à tona esse tema politicamente e de tentar pensar em consequências para ele. Existe algo de consequência em relação a isso”.

Cadastro pode ser feito totalmente on-line

Quem ainda não tirou o título de eleitor tem até o dia 4 de maio para fazer o alistamento eleitoral a tempo de participar das próximas eleições, que têm o primeiro turno marcado para o dia 2 de outubro. Para isso, o cadastramento pode ser feito on-line pela plataforma Título Net.

Para fazer o cadastro, basta ter um comprovante de residência atualizado, documento de identificação oficial com foto e, para pessoas entre 18 e 45 anos, certificado militar. Com o celular, antes mesmo de iniciar o cadastro, o futuro eleitor é orientado a tirar fotos do comprovante de residência e do documento de identificação, frente e verso. Também é necessário fazer uma selfie segurando a identificação ao lado do rosto.

Feito os processos preliminares, basta acessar a plataforma Título Net e, na parte inferior da tela, clicar em “iniciar atendimento a distância”. O restante do procedimento é bastante intuitivo, a plataforma solicita a unidade federativa do requerente e orienta quais serão os documentos necessários. Em seguida, na página de identificação, em “título de eleitor” é necessário selecionar a opção “não tenho” e preencher os demais itens.

Na página seguinte, são requeridas novas informações a respeito do solicitante e, na parte inferior, o indivíduo deve enviar as imagens da documentação e a selfie com o documento de identificação. Logo após esse processo, o requerimento estará concluído e basta esperar pela análise do pedido. A aprovação confere imediatamente o número do título, que poderá ser acessado pelo aplicativo e-Título, que cumpre o papel de comprovante eleitoral a ser apresentado no momento da votação.

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