O processo eleitoral movimentou os bastidores políticos da Câmara Municipal nas últimas semanas. Mais da metade dos 19 vereadores da Casa têm seus nomes como possíveis candidatos nas eleições de outubro. Três deles, inclusive, chegaram a trocar de partidos. Um deles, Cido Reis, deixou o PSB e migrou para Rede Sustentabilidade, partido pelo qual pretende se lançar candidato a deputado estadual. A troca de legenda, contudo, não foi consensual. Assim, por recomendação do comando estadual da sigla, o diretório municipal do PSB vai entrar na Justiça Eleitoral para questionar o mandato de Cido Reis, sob o entendimento de que, pela legislação eleitoral vigente, no caso dos pleitos proporcionais, a cadeira pertence ao partido e não ao parlamentar eleito.
Segundo o presidente do diretório municipal do PSB, Aloisio Gonçalves de Castro, a decisão de pedir o mandato de Cido Reis por infidelidade partidária está tomada. Assim, um questionamento judicial será protocolado pelo partido dentro do prazo legal, após a troca de partido ter sido oficializada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta segunda-feira (25). “A partir de agora, já foi confirmada a saída dele para a Rede. É mais do que justo que essa vaga fique com o partido”, afirma Aloísio. Segundo o dirigente partidário, o vereador não procurou o partido para tratar da saída ou mesmo de um projeto para as eleições de outubro. “Nós o procuramos. Nós tínhamos uma boa proposta para ele, mas foi em vão.”
Por sua vez, Cido Reis alega que foi o partido, no que concerne ao diretório municipal da sigla, que não o procurou e que não desenvolveu um projeto com relação ao processo eleitoral nas eleições de outubro. Neste caso, citou inclusive a saída do deputado federal Júlio Delgado (PV) da sigla. Júlio deixou o partido dentro da janela partidária, prazo de 30 dias que permitia a deputados estaduais e federais a trocar de legenda sem riscos de terem seus mandatos questionados por infidelidade partidária. A regra, porém, não vale para os vereadores no atual processo eleitoral.
“Fui candidato a deputado estadual na última eleição pelo PSB. Fui o mais votado na região. O PSB estadual não construiu uma chapa para essa disputa esse ano. Não me convidaram para participar da construção. Não me convidaram para nenhum tipo de discussão em relação ao futuro partido. Como ficar em um partido em que você não é aceito? Nunca me convidaram para participar de nenhum movimento. Saio pela porta da frente. Sempre fui fiel ao partido”, afirma Cido, que disse que irá se defender caso ocorra, de fato, o questionamento judicial. O vereador também confirmou que é pré-candidato a deputado estadual pela Rede. Nas eleições de 2018, ainda no PSB, ele recebeu 24.943 votos.
Suplente
Primeiro suplente do PSB nas eleições de 2020, quando obteve 1.663 votos, o ex-vereador Jucelio Maria (PSB) pode voltar à Câmara Municipal caso Cido perca o mandato. “Nós estamos seguindo as orientações do partido. Como o mandato pertence ao partido, o diretório municipal é quem vai fazer essa reivindicação à Justiça”, afirma o ex-parlamentar. Jucelio ainda pontua que está confiante no retorno ao Poder Legislativo juiz-forano. “Vejo com uma expectativa boa no sentido de fazer valer o que eu, enquanto suplente, tenho por direito, que é assumir a vaga caso qualquer um dos titulares se ausente ou saia por algum motivo. A minha expectativa é de retornar sim. Eu tenho muito ainda a oferecer para a cidade, com todas as condições técnicas, morais e políticas. A regra é essa.”