O PSL segue apostando alto na candidatura da deputada estadual Sheila Oliveira (PSL) à Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Ao longo desta semana, o partido transferiu mais R$ 595 mil para o CNPJ da campanha da parlamentar. Ao todo, Sheila já recebeu quase R$ 1,8 milhão em transferências partidárias, sendo R$ 900 mil do diretório nacional e R$ 855,5 mil da direção estadual da sigla.
As verbas são oriundas do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), fundo de mais de R$ 2 bilhões mantido com dinheiro público e disponibilizado aos partidos para custear as propagandas deste ano, conforme o número de representantes eleitos para a Câmara e para o Senado nas eleições de 2018.
Os valores recebidos por Sheila se destacam por várias razões. Conforme dados constantes no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ela tem a maior arrecadação no interior do estado quando se leva em consideração as oito cidades interioranas que têm mais de 200 mil eleitores, onde, portanto, as disputas poderão ser definidas em segundo turno.
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Considerando também Belo Horizonte, Sheila só arrecadou menos recursos partidários que o prefeito Alexandre Kalil (PSD), que tenta a reeleição e informou o recebimento de quase R$ 3,5 milhões a partir dos fundos eleitoral e partidário, este último também mantido com dinheiro público. Assim, a parlamentar tem a segunda maior arrecadação – total e relacionada a dinheiro público – entre as 99 candidaturas que disputam as prefeituras dos nove principais municípios mineiros.
Recorde local
Os valores informados pela candidata até aqui já superaram em mais de 70% o montante arrecadado pelo ex-prefeito Bruno Siqueira (MDB) nos dois turnos das eleições de 2016. Na ocasião, o emedebista foi reeleito com uma arrecadação de R$ 1.028.276. Em valores corrigidos pela inflação, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), Bruno informou receitas da ordem de R$ 1.169.528,22 há quatro anos.
Desta maneira, a candidatura de Sheila já detém o recorde de arrecadação de recursos para campanha em eleições municipais desde que as doações de empresas a partidos, candidatos e coligacões foram proibidas, regra que passou a valer exatamente a partir do processo eleitoral de 2016.
Candidata arrecadou mais que a soma dos concorrentes
Por fim, Sheila tem de longe a maior arrecadação entre os 11 nomes colocados pelos partidos para a disputa pela Prefeitura de Juiz de Fora. Com R$ 1.760.500 recebidos até aqui, a candidata do PSL já declarou, sozinha, uma arrecadação maior que as informadas pelos seus dez concorrentes, somadas. Nenhum deles rompeu a marca de R$ 1 milhão. A segunda campanha em recursos recebidos, segundo o sistema do TSE, é a do empresário Wilson Rezato (PSB), que arrecadou um total de R$ 867 mil.
A maior parte dos valores declarados pelo empresário, R$ 757 mil, vem de doações de pessoas físicas. Parcela significativa dos doadores possui ou já possuiu ligações com o Grupo Rezato, empresa do ramo da construção civil da qual Wilson é um dos proprietários. São os casos, por exemplo, de doação de R$ 250 mil feita por Vinícius Banhato, fundador e um dos sócios-proprietários da Rezato, e outra, de R$ 180 mil, feita pela esposa do candidato do PSB. Wilson ainda recebeu R$ 110 mil da direção estadual do PSB, também oriundos do fundo eleitoral.
Na sequência aparece a deputada federal Margarida Salomão (PT) que declarou a arrecadação de R$ 552.839. Destes, 85% vêm de transferências do diretório estadual do PT, o que totaliza R$ 467.949 em dinheiro público para o financiamento de campanha.
Candidato pelo PCdoB, o servidor público federal Fernando Elioterio (PCdoB) informou o recebimento de R$ 100 mil em valores também originários do fundo eleitoral.
Aportes
Ainda contaram com o aporte de recursos públicos vindos de transferências partidárias as professoras Lorene Figueiredo (PSOL), que informou arrecadação total de R$ 22.974,59, sendo R$ 22.584,59 vindos do fundo especial; e Victória Mello (PSTU), que declarou o recebimento de R$ 6.050, sendo R$ 4.700 também oriundos do fundo especial.
Sem o recebimento de verbas partidárias, ainda declararam a arrecadação de recursos o pastor Aloízio Penido (PTC), que informou ao TSE o aporte de R$ 27 mil em seu CNPJ de campanha; o general da reserva Marco Felício (PRTB), R$ 8.309; a delegada licenciada da Polícia Civil Ione Barbosa (Republicanos), R$ 4.500; e o advogado Marcos Ribeiro (Rede), R$ 4.250. O engenheiro Eduardo Lucas (DC) ainda não informou a entrada de receitas para o financiamento de sua candidatura.
Deputadas locais aparecem entre as principais apostas de seus partidos
O aporte partidário, de certa forma, aponta quais são as apostas dos partidos nas disputas pela prefeituras. Quando considerados os nomes lançados nas cidades que têm os nove maiores eleitorados de Minas Gerais, a deputada estadual Sheila Oliveira é, de longe, a mais abastecida financeiramente pelo PSL, que têm seis candidaturas nos municípios mineiros em que poderão ser realizados segundo turno. O segundo candidato do PSL a receber mais recursos da legenda nestas localidades é Heli Grilo (PSL), candidato pela sigla em Uberaba, que recebeu R$ 630 mil em transferências feitas pela legenda.
No caso do PT, Margarida aparece como a principal aposta financeira da sigla nos municípios do interior. Com R$ 468 mil arrecadados a partir de transferências partidárias, a concorrente à PJF só recebeu menos que o candidato petista à Prefeitura de Belo Horizonte, o ex-deputado federal e secretário dos Direitos Humanos no Governo de Luís Inácio Lula da Silva (PT), Nilmário Miranda (PT). Até o momento, Nilmário já recebeu R$ 1.131.000 em recursos partidários frutos de fundos mantidos com verba pública. O PT tem candidatos em oito das nove cidades mineiras com mais de 200 mil eleitores.