Matéria publicada pela Tribuna de Minas no último domingo (19), mostrou os diversos recortes partidários com base no número de filiados nos diretórios municipais de Juiz de Fora. No atual ciclo eleitoral, o PSL foi o partido que mais cresceu e ampliou seus quadros em quase 40% das eleições presidenciais de 2018 para cá. Por sua vez, o PSC se manteve como o partido com o maior número de associados na cidade, condição que ostenta desde 2016, quando ocorreu a última disputa eleitoral de âmbito municipal. O cenário juiz-forano, contudo, é atípico quando observados os recortes estadual e nacional, em que o MDB aparece com folga como legenda com o maior número de filiados (ver quadro).
Considerado o partido de maior capilaridade no país, o diretório municipal do MDB viu seu número de filiados cair de 3.194 em dezembro de 2015 para os atuais 2.809 associados. A redução chega a 12% em pouco mais de quatro anos, basicamente o período que distancia um ciclo eleitoral – no âmbito municipal – de outro. Mais do que a redução significativa do número de filiados, o MDB perdeu força política, após sair como grande vitorioso das eleições municipais de 2016.
No último pleito municipal, o MDB elegeu o prefeito Bruno Siqueira e quatro vereadores: Ana Rossignoli, Antônio Aguiar, Kennedy Ribeiro e Marlon Siqueira. À época, as hostes emedebistas ainda detinham o mandato do então deputado estadual Isauro Calais. Quatro anos depois, o cenário é bastante distinto, o que denota enfraquecimento da sigla no âmbito municipal, sem nenhum detentor de mandato com domicílio eleitoral na cidade.
A desestruturação do sucesso nas urnas em 2016 começou dois anos depois. Em abril de 2018, o agora ex-prefeito Bruno Siqueira renunciou ao mandato para, inicialmente, tentar uma vaga no Senado, nas eleições daquele ano. O objetivo, no entanto, não obteve sucesso interno e Bruno acabou disputando uma cadeira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Nem Bruno, nem Isauro – que tentou a reeleição -, ambos não obtiveram sucesso nas urnas.
Mais recentemente, o que se viu foi uma debandada da sigla, que perdeu seus quatro vereadores. A saída em bloco se deu na última janela partidária, que permitiu que os legisladores municipais trocassem de sigla, entre março e abril deste ano. Ana Rossignoli foi para o Patriota; Antônio Aguiar para o DEM; Kennedy Ribeiro para o PV; e Marlon Siqueira para o Progressistas.
Além da saída de seus representantes na Câmara Municipal e com Bruno, maior liderança recente da sigla, mantendo-se à margem das discussões políticas e eleitorais da cidade, ao menos publicamente, o MDB ainda perdeu liderança importante este mês, com a morte do ex-vereador e ex-presidente da Câmara, Julio Gasparette. Outro emedebista que já obteve sucesso nas urnas em eleições anteriores, o secretário municipal de Segurança Urbana e Cidadania, José Sóter de Figueirôa, segue no cargo e está fora da disputa pela Câmara.
Partido quer eleger pelo menos um vereador
Presidente do diretório municipal do MDB, Paulinho Gutierrez admite que a legenda, que, desde a redemocratização, elegeu Tarcísio Delgado e Bruno Siqueira prefeitos, vive uma situação atípica no âmbito local. “Em 50 anos de partido, nunca vi um cenário tão indefinido como esse.” O dirigente partidário, todavia, afirma que a sigla já trabalha para a definição de uma chapa competitiva para disputar uma cadeira na Câmara. “Nosso objetivo é de eleger pelo menos um vereador.”
Sem um puxador de votos, Paulinho acredita na formação de uma chapa homogênea e motivada. Sobre a disputa pela Prefeitura, ele considera que o momento é de avaliação. Uma possível candidatura do juiz José Armando à PJF figura como possibilidade. “Ele colocou seu nome à disposição do partido.” Composições, todavia, não estão descartadas. Inclusive o embarque do MDB em um possível projeto de reeleição do prefeito Antônio Almas (PSDB) é aventado dentro da legenda. Em 2016, os dois partidos caminharam juntos nas eleições municipais, com a chapa Bruno Siqueira/Antônio Almas, que saiu vitoriosa das urnas.
Inicialmente tida como uma associação natural, a reedição da dobradinha entre tucanos e emedebistas como cabeças de chapa parece em segundo plano. Ao menos, no momento. Mesmo ainda sem bater o martelo sobre candidatura, interlocutores de Almas têm mantido conversas com outras siglas, como o PDT e com o PV, com quem o grupo do prefeito buscou diálogo na semana passada. As tentativas de aproximação têm se dado no campo progressista, o que torna a possibilidade de uma nova composição, com a indicação de um candidato a vice-prefeito por parte do MDB, algo distante.