Em consonância com o governador Romeu Zema (Novo), o prefeito Antônio Almas (PSDB) pretende fechar as divisas do Município de Juiz de Fora. A medida será regulamentada em nova reedição do decreto 13.983/2020, cuja publicação está prevista para os próximos dias. A única exceção para o limite de divisas deve ser para servidores da Saúde que precisam entrar e sair da cidade. Há expectativas de que o Terminal Rodoviário Miguel Mansur também seja fechado, uma vez que há, em andamento, estudos da Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) neste sentido. De acordo com a Prefeitura de Juiz de Fora, a medida é, de fato, estudada, já que “o isolamento de Juiz de Fora passa pelo fechamento da rodoviária”.
Nesta sexta-feira (20), o Comitê Extraordinário Covid-19 do Estado de Minas Gerais proibiu o transporte interestadual de vans e ônibus de passageiros em território mineiro, a exemplo de medida tomada pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Embora a determinação precise de ratificação da Agência Nacional de Transportes e Terrestres (ANTT), a proibição entrará em vigor nesta segunda (23).
Antes da decisão de Zema, a demanda de passageiros da rodoviária de Juiz de Fora já tinha caído mais de 80%. Desde quinta-feira, os ônibus intermunicipais já circulam com restrições de 50% de sua lotação a fim de reduzir aglomerações. Conforme o gerente do Terminal Rodoviário Miguel Mansur, Artur Rodrigues, o mais prudente, no seu entendimento, é o fechamento do terminal. “Por mais que haja pedidos e mais pedidos, as pessoas não estão ficando em casa. Dada a gravidade da situação, é muito mais gente do que esperávamos na rodoviária. Era para a rodoviária estar, literalmente, vazia, mas ainda tem gente indo viajar.” Apesar da brusca queda de demanda, o movimento, nos primeiros dias da semana, segundo Artur, foi muito grande.
Conforme o gerente, a Prefeitura de Juiz de Fora já está a par do fluxo desnecessário de passageiros no terminal rodoviário. “O prefeito Antônio Almas já sinalizou o fechamento da rodoviária. Ainda não é oficial, ele está trabalhando no decreto – há esses trâmites burocráticos necessários -, mas tudo leva a crer que ele vai fechar. Eu já deixei a Prefeitura ciente da movimentação, da quantidade de pessoas que circulam, então eles já estão trabalhando. (…) Dado os decretos dos governadores de Minas e do Rio a ao alarde para o aumento dos casos de Covid-19, acredito que na segunda-feira a rodoviária estará fechada.”
Questionado pela Tribuna sobre os números absolutos do fluxo de passageiros, Artur explica que a administração prioriza, neste momento, a garantia patrimonial da rodoviária. “Tanto que não estamos cobrando mais banheiro e estacionamento exatamente para garantir o patrimônio. O comércio na rodoviária já está fechado, seguindo as diretrizes municipais.”
Das 15 empresas de transporte rodoviário em operação no terminal, apenas a Única, que faz o traslado até Cabo Frio (RJ), fechou o seu guichê, mas por iniciativa própria. “Já não há viagens para Cabo Frio. Como a Única fazia conexão em Petrópolis e a rodoviária local foi fechada, então o ônibus não vai mais para Cabo Frio. No entanto, o terminal não influencia nisso. A iniciativa tem que partir da empresa ou da ANTT.” O fechamento das divisas do estado do Rio de Janeiro, que entrou em vigor nesta sábado, pode elevar o decréscimo da demanda por viagens para 95%, de acordo com Artur, já que a maioria das empresas em operação em Juiz de Fora tem itinerário no estado fluminense.
Demandada pela Tribuna, a ANTT, até a edição desta reportagem, não havia respondido. Caso Almas determine apenas o fechamento do Terminal Rodoviário Miguel Mansur, os ônibus interestaduais poderiam circular em território juiz-forano, e somente o embarque e o desembarque na rodoviária estariam restringidos. Contudo, se junto ao fechamento do terminal for decretada a limitação das divisas do Município, as viagens interestaduais devem ser interrompidos.