(Atualizada às 7h49 de 20-01-2023 com o posicionamento do Sinttro)
As polêmicas e os questionamentos envolvendo a circulação de ônibus convencionais sem a presença do cobrador do sistema de transporte coletivo urbano de Juiz de Fora foram temas de uma reunião realizada na tarde desta quinta-feira (19). O encontro reuniu representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte e Trânsito (Sinttro), que critica a adoção nas últimas semanas do modelo sem a presença do cobrador em cerca de 20 veículos; da Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU); da Prefeitura de Juiz de Fora; e do consórcio Via JF que é responsável pela operação do sistema.
Durante a reunião, a concessionária sinalizou com a realização de um estudo, que deve ser apresentado aos trabalhadores, retomando os cobradores nos ônibus convencionais que circulam nos dias úteis. Por outro lado, aos domingos, “todos os ônibus rodariam sem o cobrador”, detalha a empresa. Assim, todos os cobradores teriam folga aos domingos.
Em nota, a Prefeitura de Juiz de Fora confirmou as conversas. “Durante o encontro, foi reforçada a garantia da manutenção dos postos de trabalho e dos programas de requalificação dos funcionários do sistema, principalmente para cobradores e motoristas. Ao final da reunião, ficou acordado entre o Sinttro e o Consórcio Via JF que os ônibus convencionais vão circular aos domingos, dia com menor número de usuários, sem a presença dos cobradores”, afirmou o Município.
“Na condição de presidente do comitê gestor do transporte público em Juiz de Fora, composto pelas empresas que operam o sistema, pela Prefeitura de Juiz de Fora, pelo Sindicato dos Trabalhadores no Transporte e também pelos usuários do sistema, relato que foram deliberadas e encaminhadas as seguintes questões: primeiro, pela manutenção dos postos de trabalho e também pela requalificação contínua dos trabalhadores. Segundo, acordo entre as empresas operadoras do sistema e o sindicato dos trabalhadores, no sentido de que os ônibus circulem aos domingos sem a presença do cobrador”, reforçou o secretário de Mobilidade Urbana, Fernando Tadeu David.
‘Não houve acordo’, garantiu Sinttro
Também em nota, o Sinttro afirmou que não houve acordo entre o sindicato e o consórcio sobre a retirada dos cobradores aos domingos em todo o transporte público. “Não foi assinado nenhum documento, não houve concordância com a proposta por parte do Sinttro ou qualquer coisa parecida.” Ainda conforme o sindicato, será marcada uma assembleia para a próxima semana em data a ser definida para que os rodoviários sejam ouvidos e, posteriormente, a decisão seja levada ao comitê de transporte. “Portanto, haverá cobradores nos coletivos aos domingos, caso contrário, o sistema será totalmente parado”, concluiu.
Transição
Em contato com a reportagem, o Consórcio Via JF avaliou a reunião como produtiva. “Reiteramos o nosso compromisso de fazer essa transição de forma leve, mantendo 100% dos empregos dos colaboradores, dando todas as condições de qualificações e cursos necessários, e fazendo o financiamento da CNH D para todos os interessados”, pontuou a concessionária.
Desta maneira, o Consórcio Via JF sinaliza que, à medida que as qualificações dos cobradores avançarem, a circulação dos ônibus sem a presença do profissional poderia ser ampliada, estendendo-se também aos sábados, por exemplo. “Reiteramos os investimentos na modernização do sistema de bilhetagem, que trará inúmeras vantagens”, disse a concessionária à reportagem.
Via JF responde a ofício do Sinttro
Nesta quinta-feira, o consórcio Via JF também respondeu ao ofício protocolado pelo Sinttro junto à PJF. No documento, o sindicato questiona a adoção do modelo de circulação de ônibus convencionais sem a presença do cobrador e aponta que os motoristas estão trabalhando sob pressão por conta do acúmulo de função, além do receio de demissões por parte dos cobradores.
“O Consórcio Via JF tem cumprido o compromisso assumido perante a categoria profissional e o Comitê Gestor de Transporte, no sentido de não realizar demissões em massa, financiar a habilitação dos cobradores para direção de veículo automotor (categoria D), parcerias para realização de cursos profissionalizantes, visando à promoção dos cobradores e aproveitamento da mão de obra, dentre outras iniciativas, todas tratadas diretamente com o Sindicato”, afirma o Consórcio Via JF.
Assim, a concessionária refutou os questionamentos e afirmou que, embora a cobrança de tarifa ainda não seja totalmente eletrônica, “as linhas em que atualmente os ônibus estão circulando sem o cobrador, em número reduzido, são aquelas em que a demanda é menor ou onde é diminuta a necessidade de troco, porque o usuário se utiliza do cartão magnético, do sistema de bilhetagem eletrônica, para efetuar o pagamento da tarifa, valendo-se, pois, de créditos previamente adquiridos.”
Na resposta encaminhada à SMU, o Consórcio Via JF afirmou que” já contratou novo programa de bilhetagem eletrônica, com novos e modernos equipamentos e validadores, que, dentre outros benefícios, permitirão a recarga a bordo e utilização de aplicativos, o que, por certo, estimulará o usuário a utilizar o sistema eletrônico, o que já está sendo implementado.”
“Assim, a tendência é a redução progressiva de pagamento da tarifa com dinheiro, e, portanto, de troco. Essa é uma realidade mundial, inevitável e irresistível, fruto da atualização e modernização do serviço, necessária e que, longe de trazer os transtornos de que fala o ofício do Sinttro, traz benefícios aos usuários e a todos os envolvidos no sistema”, diz o Consórcio Via JF, que apontou ainda que a mudança de modelo trará economia para o sistema e, por consequência, para os usuários.