O ex-deputado federal Marcus Pestana (PSDB) anunciou, nesta terça-feira (17), apoio à candidata Margarida Salomão (PT) na disputa em segundo turno pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) contra o candidato Wilson Rezato (PSB). Em vídeo, Pestana afirma que “a diferença entre os dois candidatos que disputam o segundo turno é abissal”. Embora tenha considerado as “divergências profundas” entre PT e PSDB, o ex-deputado federal ressalta a trajetória pública de Margarida para ponderar que a petista, ao contrário de Wilson, “amadureceu a sua vocação política nas últimas décadas, não nos últimos anos”. Pestana confirmou à Tribuna o apoio à candidatura de Margarida Salomão.
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Para Pestana, há uma grande diferença entre Margarida e Wilson. “Um legitimamente se entregou às atividades empresariais, se tornou milionário, desenvolveu os seus negócios – às vezes, atropelando o interesse público e a legislação municipal – e só nos últimos anos revelou uma tardia vocação política – há muito pouco tempo, quatro anos atrás”, ressalta. “Ele nunca participou das lutas do povo pela democracia e pela justiça social. Ele demonstra uma visão pequena, misturando Juiz de Fora com Dubai, revelando uma visão equivocada do desenvolvimento urbano; advogando uma verticalização absurda e radical e um desprezo pelo crescimento na periferia. (…) E revela ainda atitudes passivas e conformistas em relação à saúde, como se a gente tivesse de se contentar com o que tem.”
Conforme o tucano, a deputada federal tem experiência efetiva na Administração Pública, o que, como reforça, é diferente da vida empresarial, o que credenciaria Margarida a lidar com a “delicada situação financeira” do Município. “Com todas as divergências que nós tivemos e ainda temos, tenho que testemunhar que Margarida sempre esteve ao lado das lutas democráticas, desde os anos de 1980. E exerceu sua vocação pública durante toda a vida, como secretária de Administração da PJF, como professora e educadora, como reitora da nossa Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e como deputada federal. Não é um compromisso, uma trajetória pública que começou há apenas quatro anos. É uma vida.”
Deputado federal entre 2011 e 2019, Pestana está afastado da vida pública desde o fim do seu último mandato na Câmara dos Deputados após não se reeleger em 2018. Desde então, o tucano trabalha na iniciativa privada. Após a renúncia do prefeito Antônio Almas (PSDB) em disputar a reeleição, Pestana foi, inclusive, sondado pelo PSDB para encabeçar uma chapa nas eleições municipais em busca da sucessão de Almas, mas declinou o convite da sigla. O tucano ainda ocupou um assento na Câmara Municipal de Juiz de Fora entre 1983 e 1988, além de ter sido titular da Secretaria de Estado de Saúde de Minas entre 2003 e 2010 durante o Governo Aécio Neves.
Margarida refuta associação a Almas
Em entrevista à Rádio CBN de Juiz de Fora, nesta quarta, Margarida agradeceu a manifestação de apoio do ex-colega de Câmara dos Deputados, que, conforme a petista, a deixou sensibilizada. “Hoje também recebi outra manifestação, do ex-vereador e ex-secretário de Saúde José Laerte (PSDB), que é do mesmo campo político de Pestana. Fico muito honrada ao receber estas manifestações de confianças. E como, na verdade, o meu entendimento é que, neste momento, estamos fazendo um debate sobre a cidade que é necessária, não apenas sobre a cidade que queremos, acho que vamos avançar bastante em termos de construção de apoio neste momento.”
Questionada se a manifestação de Pestana não poderia lhe associar ao governo do prefeito Antônio Almas, já que a gestão é desaprovada por 68% dos juiz-foranos, de acordo com levantamento Ibope/TV Integração, a deputada federal respondeu que não há relação entre a declaração do ex-deputado e a PJF. “O Almas é por si mesmo também uma liderança que poderia até se colocar (no segundo turno). O Pestana fez isso em caráter particular, em função, inclusive, de uma trajetória histórica nas quais nós temos convergências. Participamos ativamente na campanhas pelas Diretas Já, pela reconstrução da democracia no Brasil”, afirmou.
“Temos convergências democráticas, não obstante as diferenças que expressamos inclusive no voto parlamentar. Muitas vezes, nós votamos diferente porque temos concepções políticas diferentes, o que não significa que, democraticamente, ele não possa, neste momento, reconhecer que a nossa proposta e a nossa candidatura são as saídas mais adequadas nesse universo de escolhas que se coloca”, concluiu a candidata.