Atualizada às 19h53
O prefeito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira (PMDB), e o deputado federal Júlio Delgado (PSB) foram citados em uma planilha entregue ao Ministério Público pelo ex-executivo da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Jr. O documento mostra repasses de verbas que teriam sido feitos via caixa dois entre 2008 e 2014, e lista 179 políticos. A planilha detalha o nome e o condionome do político, o valor repassado, o ano da doação, o intermediário e o propósito.
De acordo com o delator, dois repasses foram feitos ao prefeito Bruno Siqueira. O primeiro, de R$25 mil, teria sido realizado em 2010, e o codinome de Bruno, que se elegeu deputado estadual naquele ano, seria “Sino”. O segundo repasse teria sido em 2012, quando o atual chefe do Executivo de Juiz de Fora se candidatou ao cargo pela primeira vez, sendo eleito. O valor desta doação teria sido de R$ 100 mil, sob o suposto codinome de “Fino”.
Ainda de acordo com a planilha, os repasses teriam sido feitos sem intermediários e sob a justificativa de “disposição para apresentar emendas/defender projetos no interesse da companhia”, à época do mandato de deputado estadual, e de “desenvolvimento de projetos de infraestrutura de interesse da empresa”, em 2012, como prefeito eleito.
Em nota divulgada à imprensa, a assessoria do prefeito negou qualquer irregularidade no recebimento de doações para campanhas. “Tanto nas eleições de 2000, 2004, 2008, 2010, quanto em 2012, quando eram permitidas doações de pessoas físicas e jurídicas, a campanha do então candidato Bruno Siqueira solicitou doações legais a diversas empresas e pessoas físicas. Alguns desses doadores, no entanto, preferiram fazer as doações ao partido, para repasse posterior à campanha eleitoral do candidato. Todas as doações recebidas foram estritamente na forma exigida pela legislação. Cabe ressaltar que Bruno Siqueira não conhece o delator Benedicto e que a Odebrecht não possui nenhuma obra e projeto executado ou em andamento na cidade de Juiz de Fora, nem neste nem no mandato anterior do prefeito. Bruno tem certeza de que não cometeu nenhuma irregularidade ou ilegalidade”, diz a nota.
No caso de Julio Delgado, a planilha detalha que o pagamento de caixa dois teria acontecido em 2010, quando foi eleito deputado federal. Segundo o documento, Julio teria recebido R$ 100 mil sob o codinome de “Zagueiro” e a justificativa de “disposição para apresentar emendas/defender projetos no interesse da companhia”, sem intermediários.
Em entrevista por telefone à Tribuna, o deputado federal afirmou que nunca esteve pessoalmente com Benedicto Jr. e que não tem ligação alguma em qualquer trâmite que pudesse beneficiar a Odebrecht.
“Estou muito tranquilo, pois não respondo as qualquer inquérito ou investigação relativos ao que a planilha trata, diferente de outros políticos. Nunca estive com Benedito Jr., só soube sua aparência física quando ele apareceu na mídia por conta desta delação. Além disso, segundo o documento, o repasse teria sido feito em 2010, e eu nunca fiz parte de qualquer comissão que tivesse meios para beneficiar a Odebrecht nem relatei qualquer matéria que pudesse beneficiá-la, ou fiz emenda que pudesse favorecer a empresa de alguma forma. Assim, não teria como eu ter agido em benefício da empresa”, diz o deputado, que integra o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar e as comissões de Constituição de Justiça e Cidadania e de Defesa do Consumidor.