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Disputa por eleitor enche o Calçadão no último dia de campanha

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Calçadão ficou cheio na manhã deste sábado (14), mas esvaziou-se depois das 13h, ainda que campanha siga até 22h (Foto: Divulgação)

De tantos jingles diferentes e apitaços constantes, tornou-se impossível identificar algumas referências no som ouvido na manhã deste sábado (14) no Calçadão. Na paisagem, muitas bandeiras formavam um cenário colorido, ornando com camisetas e adesivos ostentando rostos e números de candidatos à Prefeitura e à Câmara Municipal de Juiz de Fora. Há um dia das eleições, a Rua Halfeld foi preenchida pelas campanhas em busca dos votos indecisos. A movimentação se concentrava entre a Avenida Rio Branco e o Cine-Theatro Central e, pouco depois das 13h, já se dispersava, ainda que haja permissão para propaganda até 22h.

Como a sujeira na via, que era pouca, ainda que a panfletagem fosse ostensiva, o uso de máscara também era pequeno entre os transeuntes. O desrespeito à lei que obriga o uso da peça em áreas públicas se dava num Calçadão lotado, justamente no dia em que o município regrediu para a onda amarela do programa Minas Consciente. A decisão da Prefeitura se justificou pelo crescimento de casos e internações na cidade, com taxa de ocupação de leitos de enfermaria e UTI próximos de 80% em Juiz de Fora, segundo painel gerencial da Secretaria de Saúde.

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Para a administradora Laize Gaspar, de 33 anos, a efervescência num dos principais trechos da cidade gera incômodo e não altera a disputa. “Isso me incomoda. Acho que deveria ser feito antes. Essa perturbação não define nada, meu voto foi escolhido pelas propostas, e não pela agitação da rua. Isso só mostra como somos imaturos”, comenta ela, ponderando ter visto um movimento maior nas eleições anteriores. Professor, Júlio Cesar Mendes Barboza, 62, concorda que a pandemia afetou bastante as campanhas, mas acredita que as ruas são determinantes para a contenda.

Descrença em relação ao futuro

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Do Parque Halfeld, o aposentado Gilson Fonseca Salgado, 57, apontava para o Calçadão defendendo como a campanha de rua mostrou-se um retrato, segundo ele, das “injustiças nas divisões partidárias do fundo eleitoral”. Enquanto algumas campanhas para vereador erguiam dezenas de bandeiras, outras contavam apenas com o próprio candidato panfletando. Defendendo o discurso da mudança, Salgado diz ter definido seu voto há algum tempo.

Na Marechal Deodoro, cena era outra, sem bandeiras, jingles e panfletagens das campanhas (Foto: Divulgação)

“Achei que teve muita mentira nessa campanha, promessas que sabemos que não serão cumpridas”, diz Salgado, na mesma desesperança compartilhada por Barboza, que nascido e criado em Nova Friburgo, vota pela primeira vez para o executivo e legislativo de Juiz de Fora, para onde se mudou há cinco anos. “Essa campanha foi muito tumultuada e indefinida. Cada um falou uma coisa, tudo inacreditável e que sabemos que não poderão mudar”, observa o morador do Parque Guarani, assegurando ter definido seu voto pela “capacidade das pessoas de governar”.

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Senso de coletividade

Num contraste com a Halfeld lotada, a Rua Marechal Deodoro não serviu a muitas campanhas e a movimentação no comércio era pequena no final da manhã deste sábado. Diante de uma loja de roupas enquanto aguardava para retornar ao trabalho, a cuidadora de idosos Maria Ângela Daniel, de 50 anos, fugia da agitação provocada pelas eleições. “Não gosto disso, mas não muda. Toda eleição é assim. Isso é uma questão de educação. A gente precisa se educar para ter campanhas diferentes”, defende ela, moradora do Bairro Bom Jardim.

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Segundo Maria Ângela, a pandemia exigia outra postura das campanhas e dos eleitores, um senso de coletividade que também deve imperar na política. “O vírus não passou, mas as pessoas parecem que vivem em outro planeta. As coisas estão difíceis”, lamenta. “As restrições foram flexibilizadas porque todo mundo tem que sair para trabalhar, mas isso não significa que devem deixar de usar máscara. Vivemos numa sociedade e é necessário que todos se respeitam”, ensina.

Medo não irá às seções de votação

Idoso, Júlio Cesar Mendes Barboza afirma estar seguro em relação à votação no domingo. Gilson Fonseca Salgado, morador da Vila Ozanan, compartilha da sensação em relação à seção que fica próxima de sua casa. A administradora Laize Gaspar já baixou o aplicativo E-Titulo no celular e, moradora do Borboleta, também se diz sem medo de contaminação no ambiente de votação. “Tenho medo é de pegar ônibus lotado todos os dias. Disso eu estou com muito medo”, finaliza.

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