De acordo com Sheila, os recursos para viabilizar o término das obras do Hospital Regional seriam oriundos de acordos de reparação entre a mineradora Vale do Rio Doce e o Governo de Minas, costurados após os incidentes das barragens de Mariana e Brumadinho. “Se conseguíssemos agilizar o mais rápido possível, custearíamos o término da obra da Hospital Regional. Agora, como fazer a manutenção de um Hospital Regional, deste porte, aqui em Juiz de Fora? Eu, sinceramente, acho que, antes da pandemia, até poderíamos pensar na possibilidade, mas, depois deste período, com a dificuldade econômica que estamos passando, acho inviável. Tenho a sugestão de utilizar o prédio pronto para um Centro de Atendimento Especializado.”
A deputada estadual acrescentou que a integração de núcleos especializados de atendimento em uma só estrutura permitiria ao Município devolver os prédios atualmente alugados para manter tais unidades. “Pegaríamos atendimentos especializados, como o PAM-Marechal – o prédio está inservível, já foi declarado que é totalmente insalubre e inadequado para a atividade a que ele se presta -, um núcleo de atendimento ao idoso, um núcleo de atendimento à saúde mental, um núcleo de atendimento à mulher, exames laboratoriais, outros exames mais complexos, pequenas cirurgias etc., e, assim, devolveríamos prédios que estão alugados há décadas pelo Poder Público, em que não há no contrato – ou, então, não é fiscalizado – que o proprietário não investe na manutenção desse prédio.”
Fundo de Segurança Pública
Ao ser questionada sobre os planos para a segurança pública, Sheila apontou a necessidade de viabilizar a criação do Fundo Municipal de Segurança Pública a fim de arrecadar recursos para a aplicação na área na qual fez carreira. “(O fundo) já é uma política federal a de leiloar bens adquiridos pelo tráfico de drogas – valores muitas vezes altíssimos apreendidos – para serem direcionados a Estados e Municípios para financiar as questões de segurança pública. Mas Juiz de Fora não tem um Fundo Municipal de Segurança Pública organizado. Esse fundo pode estar fazendo interlocuções com empresas, instituições, podemos fazer contratos e convênios etc. Pode servir para investimento na atividade finalística mesmo de segurança pública, como na própria Guarda Municipal. E, também, na promoção de programas de prevenção ligados às áreas de saúde, educação e assistência social.”
Gabinete integrado
Além disso, caso eleita, a candidata anunciou a implementação de um núcleo integrado das forças e instituições de segurança com sede em Juiz de Fora, cujo nome seria Gabinete Interinstitucional de Forças de Segurança (Giforseg). “Juiz de Fora sedia hoje todas as forças de segurança que são previstas na Constituição Federal. Seria uma melhoria na comunicação e a oferta de uma estrutura para que eles trabalhem melhor a inteligência, já que estamos em uma área de divisa de Minas Gerais com o Rio de Janeiro, que tem os seus problemas graves na área de segurança.” Sheila ainda admite a possibilidade de fortalecer ostensivamente a Guarda Municipal. “Claro que não há como fazer isso a curto prazo, mas é um sonho, um projeto, e eu acho plausível, inclusive, transformar a Guarda Municipal em uma Polícia Municipal para ser coadjuvante – mas dentro de suas atribuições, claro. (…) Por que não (armá-la)? É um caso a se pensar.”
Apoio do MDB
Além do PSL, a chapa encabeçada por Sheila, “Sim para Juiz de Fora”, reúne Podemos, Patriota, PTB, Solidariedade, Progressistas e MDB, o último partido a embarcar no projeto da deputada estadual. Nos bastidores, inclusive, atribui-se tanto ao ex-secretário de Segurança Urbana e Cidadania, José Sóter Figueirôa, e, sobretudo, ao ex-prefeito Bruno Siqueira a articulação da aliança entre os emedebistas e o PSL. Conforme Sheila, entretanto, a composição foi acertada em articulações realizadas em Brasília e não em Juiz de Fora.
Velha política
“Neste momento em que a gente vive, correm muitas fake news. Evitamos formar coligações com os diretórios regionais justamente por essas questões. A gente sabe que há muitos anos existe essa velha política de trocar apoio partidário por cargos na PJF, em secretarias, e essa prática nós não temos. Eu, como delegada e inspetora de Polícia Civil, trabalhando em equipe já há quase 20 anos, não poderia aceitar uma situação dessas. É inadmissível, por exemplo, os integrantes da Polícia Civil não escolherem pessoas capacitadas para compor a sua equipe, que têm uma sintonia com os seus projetos e suas propostas, com a sua linha de trabalho. (…) Para eu ser prefeita e não poder escolher a minha equipe de trabalho, para mim não serve.”
Partidos e pessoas
Questionada se não havia incoerência ao criticar, ao mesmo tempo, as gestões anteriores da PJF e compor com o MDB nas eleições municipais, uma vez que, desde 1988, os emedebistas foram eleitos para quadro mandatos no Executivo – Tarcísio Delgado, de 1996 a 2004, e Bruno Siqueira, de 2012 a 2018 -, Sheila afirmou que “partidos vão muito além de pessoas”. “As pessoas passam, mas os partidos ficam. Hoje, estou no PSL, mas amanhã posso não estar por alguma razão. O ex-prefeito Bruno Siqueira não é dono do MDB, assim como o ex-prefeito Tarcísio Delgado não é dono do PSB. Os partidos têm as suas bandeiras próprias, os seus estatutos etc. Os partidos são muito maiores do que as pessoas que estão ali. Não tem nada a ver. Não tem nenhum tipo de relação.”