Incluído no arcabouço jurídico que rege os processos eleitorais no Brasil, o financiamento coletivo é mais uma modalidade de arrecadação de recursos permitida para campanhas eleitorais. O modelo, contudo, ainda não se mostrou algo de fato significativo, após a realização do pleito de 2018 e de boa parte do processo da sucessão municipal de 2020. Tanto há dois anos, como no atual pleito, o aporte de recursos nas campanhas por meio dos crowdfundings, como são chamadas as vaquinhas virtuais que recebem a doação de recursos financeiros de pessoas físicas por meio de plataformas da internet autorizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não chega a 0,3% dos valores arrecadados pelos candidatos, mostrando-se, quando se olha o todo, algo irrisório.
Há dois anos, em todo o estado, candidatos a governador, senador e deputados arrecadaram um total de R$ 921.414,11 com os crowdfundings, valor insignificativo no universo de quase R$ 287 milhões arrecadados por todos os postulantes a cargos eletivos. Este ano, os financiamentos coletivos irrigaram as candidaturas de prefeitos e vereadores nas cidades mineiras com um total de R$ 756.826,83, quase nada perto dos R$ 249 milhões já declarados pelas campanhas. Considerando a recomposição inflacionária, os valores arrecadados por meio do financiamento público de campanha em 2018 chega a R$ 1.159.728,29. Assim, os montantes levantados por candidatos com as vaquinhas virtuais caíram 35% em relação à arrecadação com a mesma fonte de recursos observada há dois anos.
R$ 78.816 arrecadados
Entre os candidatos de Juiz de Fora, a arrecadação através de financiamentos coletivos também se mostra pouco significativa até aqui. Dos valores arrecadados até agora e já informamos à Justiça Eleitoral, os recursos vindos de financiamento coletivo somam R$ 78.816 e foram informados por 20 candidatos a vereador, com base em levantamento feito na última segunda-feira. Assim, nenhum candidato a prefeito declarou arrecadações vindas de crowdfundings até aquele momento.
Juntos todos os candidatos a prefeito e vereador em Juiz de Fora arrecadaram R$ 8.649.476,02. Assim, uma vez mais, os recursos vindos do financiamento coletivo são irrisórios e correspondem a 0,9%. Apesar de pouco significativa, a marca é três vezes maior que o percentual observado no estado e cresce, chegando a 3,3%, quando considerados os R$ 2,7 milhões arrecadados pelos candidatos a vereador em Juiz de Fora até aqui.
Curiosamente, 80% dos 20 candidatos a vereador que informaram a arrecadação de recursos a partir do crowdfunding, 16, se dividem em três partidos: são seis do Novo; seis do PT; e quatro do PSOL. Completam o grupo dois candidatos do PP, um do PRTB e outro do Republicanos. Entre os concorrentes à Câmara, quatro arrecadam valores mais significativos a partir das vaquinhas virtuais, superando a marca de R$ 10 mil.
São eles: Cida Oliveira (PT), que recebeu R$ 19.439 via financiamento coletivo, o que corresponde a 36% do total já levantado pela candidata; Fernando Souza (Novo), que recebeu doações que somam R$ 12.287, 37% das receitas arrecadadas pelo candidato; Maycon Chagas (PT), R$ 11.580, 28% de suas receitas de campanha até aqui; e Igor do Novo (Novo), R$ 10.200, o que corresponde a 21% da arrecadação do postulante à Câmara até aqui.
Confira a relação dos candidatos a vereador que informaram o recebimento de recursos de campanha por meio de crowdfunding:
Cida (PT) R$ 19.439
Fernando Souza (Novo) R$ 12.287
Maycon Chagas (PT) R$ 11.580
Igor do Novo (Novo) R$ 10.200
Arthur Valente (PT) R$ 4.539
Alexandre Magnus (PSOL) R$ 4.414
Dandara Felícia (PSOL) R$ 3.231
Laiz Perrut (PT) R$ 2.310
Tallia Sobral (PSOL) R$ 1.840
Nilron Loreto (Novo) R$ 1.593
Yuri Fófano (PP) R$ 1.515
Diego Novaes (PP) R$ 1.050
Thalles Cantarino (Novo) R$ 980
Jair na Lata (PT) R$ 950
Roberta Lopes do Direita Minas (PRTB) R$ 700
Robinho (Novo) R$ 550
Robson Marques (PT) R$ 550
Jonathan Gilgamesh (Republicanos) R$ 495
Flávio S. Mattos (Novo) R$ 473
Cleber Miranda (PSOL) R$ 120
Fonte: TSE