A pré-candidata do PSTU adotou um discurso de viés socialista e defendeu a mobilização da classe trabalhadora como única ferramenta para mudanças estruturais no país. “A classe trabalhadora tem que entender o caos social em que vivemos. Como a violência, por exemplo, que tem suas raízes fincadas na desigualdade social. É necessário que nossa classe se rebele contra estes ataques de forma organizada, pois a classe dominante, os grandes empresários, os latifundiários e os banqueiros são muito bem organizados. Nós, trabalhadores, temos a tarefa de lutar, e é este chamado que nós estamos fazendo agora, nas eleições, chamando a todos para fazer uma rebelião contra esta situação e, mais que isto, para que, através desta luta, nós possamos construir uma sociedade que seja, de fato, nossa”, conclamou a ativista.
Vera ainda fez críticas a outras candidaturas que se colocam no campo socialista, à esquerda da discussão política. “Os demais partidos apresentam candidatos que têm propostas que seguem os marcos do sistema capitalista. Ou seja: tentar minimizar os ataques à classe trabalhadora nos marcos deste sistema. Ora, isto o Lula já fez. O PT já fez. Esta experiência nós já tivemos e deu no que deu. Não é possível resolver o problema da nossa classe nos marcos do sistema capitalista, pois a lógica deste sistema é a lógica do mercado; é a lógica do lucro em nome do lucro; uma lógica que passa por cima das vidas das pessoas”, afirmou, defendendo medidas como estatização de grandes empresas, por exemplo.
“Somos um dos países mais ricos do mundo. No Brasil, inclusive, temos mais boi do que gente. Mas temos 16 milhões de pessoas passando fome. Temos 7,9 milhões imóveis vazios e temos quase seis milhões de pessoas que não têm um teto para morar. Esta é a lógica de funcionamento da sociedade capitalista. Vamos colocar estas grandes empresas e esta riqueza a serviço das necessidades das pessoas que trabalham, pois hoje quem trabalha e gera lucro fica à margem, enquanto quem não faz nada; quem não bate um prego numa barra de sabão; não sabe apertar um parafuso; não sabe assentar um tijolo; e nunca pegou no cabo de uma enxada é quem diz para nós como vamos viver”, afirmou a pré-candidata à Presidência.
Por fim, Vera fez críticas, inclusive, ao modelo eleitoral. Neste sentido, a ativista entende que as mudanças só virão a partir da mobilização dos trabalhadores.
Se nós queremos mudar esta realidade, temos que lutar e fazer isto e não vai ser através das eleições somente. As eleições não resolvem. A cada dois anos, a gente vota, e o que tem acontecido? As eleições são um jogo de cartas marcadas e atende aos interesses das grandes empresas que financiam as campanhas, os candidatos e compram mandatos, governos e parlamentares”
Histórico
Natural do sertão pernambucano e ativista sindical e política de grande atuação em Sergipe, Vera Lúcia tem 50 anos e atua como educadora sindical pelo Instituto Latino-Americano de Estudos Sócio-Econômicos. Ainda jovem e fugindo da seca, mudou-se para Aracaju, ontem trabalhou como costureira na produção de sapatos já aos 19 anos, quando iniciou sua militância sindical. Foi filiada ao Partido dos Trabalhadores até 1992 e, em 1994, participou da fundação do PSTU.