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Em entrevista à Tribuna, Kalil fala sobre a candidatura: ‘martelo está bem encaminhado’

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Prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para a disputa pelo Governo de Minas Gerais. No recorte de momento, apenas o governador Romeu Zema (Novo), que já admitiu que irá tentar a reeleição no pleito marcado para outubro deste ano, aparece à sua frente. Dado como nome certo na disputa, Kalil ainda evita confirmar a provável candidatura. Em entrevista concedida às equipes da Tribuna de Minas e da Rádio Transamérica JF, na última quinta-feira (3), ele disse que a decisão sobre uma possível renúncia à Prefeitura da capital para se lançar na disputa pelo Palácio da Liberdade ainda não está tomada. “O martelo está bem encaminhado, mas não está batido”, resumiu. O prazo final para a definição é o dia 2 de abril.

Até lá, porém, aspectos de que a decisão por uma candidatura a governador está próxima podem ser lidos nas entrelinhas das falas de Kalil. Durante a entrevista, antes mesmo de ser questionado sobre a região, o prefeito de Belo Horizonte fez questão de mostrar conhecimento e preocupação sobre aspectos relacionados a Juiz de Fora e também à Zona da Mata. “Já morei em Juiz de Fora”, pontuou, mais de uma vez, durante a conversa de pouco mais de 20 minutos. Ao ser perguntado especificamente sobre a região, sinalizou que, caso chegue ao Governo, poderá adotar uma gestão pautada por um planejamento regionalizado.

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Em entrevista concedida às equipes da Tribuna de Minas e da Rádio Transamérica JF, ele disse que a decisão sobre uma possível renúncia à Prefeitura da capital para se lançar na disputa pelo Palácio da Liberdade ainda não está tomada. “O martelo está bem encaminhado, mas não está batido”, resumiu. O prazo final para a definição é o dia 2 de abril (Foto: PBH/Divulgação)

“Ficar trancado no Palácio não dá certo. Ficar trancado na Prefeitura não dá certo. Se não andar, não vai resolver. A Zona da Mata é pioneira na industrialização do estado. Há um abandono. O abandono é total. Tem que regionalizar? Claro que tem. ‘Ah, mas o senhor fez isso’? Fiz. Isso foi feito em Belo Horizonte. Nós temos nove regionais aqui que têm contato direto com o prefeito. Qualquer coisa que aconteça, eu fico sabendo. Fora os vereadores que estão dispostos a trabalhar e que são muito importantes nessa empreitada. Eles são ouvidos pelo prefeito”, afirmou.

Críticas a Zema e a Bolsonaro; elogios a Lula

Alexandre Kalil não poupou críticas ao governador Romeu Zema, possível adversário nas eleições de outubro. O prefeito de Belo Horizonte ainda tentou aproximar a figura de Zema à do presidente Jair Bolsonaro (PL). Para ele, o governador falhou ao não se contrapor ao presidente nos últimos anos, em defesa dos interesses de Minas Gerais. Kalil reafirmou que, de todos os nomes colocados como pré-candidato à Presidência, o único com o qual não pretende conversar é exatamente Bolsonaro. “Eu não converso com o presidente Bolsonaro porque quando eu precisava, ele não me recebeu. Não me recebeu porque eu realmente cuido de pessoas. Eu gosto de gente, né? Eu gosto de cuidar das pessoas e de cuidar da saúde. Eu gosto de vacina, eu gosto de cuidar e de vacinar criança, de vacinar adulto. Então eu gosto de tudo que ele não gosta”, resumiu.

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Para o prefeito de Belo Horizonte, a relação entre Zema e Bolsonaro prejudicou Minas e também a Zona da Mata, “apesar do respeito e da grande amizade que ele (o presidente) tem com o governador”. “Eu respeito essa amizade fraterna, se chamam de marido e mulher, mas o governador deveria ter caminhado em outra direção. O governador deveria ter caminhado em uma exigência a seu grande amigo, para que ele desse uma gestão humana a esse povo que, se não está abandonado, está estagnado. Nós sabemos que este é um problema sofrido pela Zona da Mata, essa região tão importante e tão rica, porque o Governo federal não teve do Governo estadual a autoridade de exigir investimento para o segundo maior estado desse país”, afirmou Kalil.

Lula
Sobre as conversas com outros candidatos, o prefeito ressaltou que existem restrições a todos, mas deixou as portas abertas para o diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Ninguém nega a liderança do presidente Lula.” Uma aproximação entre os dois tem sido bastante cogitada nos últimos meses e Kalil admitiu, inclusive, que poderia votar no ex-presidente. “Que o presidente Lula é o maior líder social desse país, ninguém tem dúvida. Ninguém tem dúvida de que, na época do presidente Lula, a gente comia picanha e tomava cerveja. Ninguém tem dúvida disso. Ninguém tem dúvida que a vida era melhor. Ou a vida agora está melhor do que na época do presidente Lula?”, questionou.

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Kalil foi além e considerou que o eleitor deve avaliar em que período sua vida foi melhor para definir seu voto. “Não estou aqui defendendo o Lula, mas o meu voto pessoal vai ser balizado no julgamento se a minha vida era melhor ou se era pior. É simples assim. Eu não vou condenar quem me deu uma vida melhor como governante. Eu vou condenar quem piorou a minha vida; quem me botou um gás que eu não posso comprar; quem me botou uma gasolina que eu não posso andar de carro, que vai encarecer meu pão, que vai encarecer meu frango. Eu não vou votar em quem me colocou na fila de osso para comprar comida. É simples assim”, disse.

Dessa forma, mesmo sem admitir uma candidatura, colocou-se como uma opção para o eleitor mineiro. “O povo tem que avaliar isso. A vida era melhor ou era pior? Então, é isso que tem que ser avaliado. Vamos ser pragmáticos. Estamos abandonados e não queremos mais ser abandonados. Assim eu vou balizar o meu voto como cidadão. Aqui, em Belo Horizonte, eu fui votado com a segunda maior votação da história da cidade, porque o povo avaliou que a vida dele melhorou. Senão, não ia votar em mim. Eu não tenho olho azul e não sou bonito.” Na verdade, em 2020, Kalil obteve a terceira maior votação na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte desde 1985.

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‘PSD caminha unido em Minas’

O prefeito disse ainda que não estava “defendendo o Lula”, ao fazer críticas a outro pré-candidato à Presidência, o ex-juiz Sérgio Moro, que condenou Lula no âmbito da Operação Lava Jato, decisões que acabaram anuladas. “Eu estava esperando a prova. Eu não estava esperando essa macacada que Sérgio Moro fez com esse país. Quem tem que se explicar é quem fez essa macacada com o povo brasileiro”, disse. A despeito das críticas a Bolsonaro e a Moro, e das sinalizações a Lula, Kalil garantiu que seu partido, o PSD, que ainda não definiu um posicionamento na disputa pela Presidência, irá caminhar junto em Minas.

“O PSD caminha unido em Minas Gerais. Não há a menor dúvida de que nós vamos caminhar unidos nisso. É uma questão de lealdade e isso é uma coisa que eu tenho comigo”, disse, ao ressaltar que, para ele, há outra aliança essencial. “O grande aliado do político moderno é o povo. Então, não adianta que grandes personalidades caminhem com você. É muito legal, ajuda muito. Mas eu quero, caso eu saia candidato, fazer o que eu fiz aqui em Belo Horizonte, o que eu sei fazer, que é me aliar com o povo e com quem está passando necessidade.”

Pesquisas são vistas como elemento de motivação

Para Alexandre Kalil, o favoritismo dado a Romeu Zema pelas pesquisas de intenções de voto realizadas até aqui não é um elemento de preocupação. Pelo contrário, o prefeito de Belo Horizonte vê o fato de seu nome surgir na segunda posição em todos os levantamentos como algo motivador. “Se eu não sou candidato, pois tenho responsabilidade e não saí da minha Prefeitura e estou cuidando do povo que me elegeu com uma votação espetacular, e estou aparecendo em segundo lugar na pesquisa, isso é uma ótima notícia”, avalia

Kalil reforça que ainda não está em campanha. “Não falei tudo que eu penso. Não coloquei ideias. Não coloquei como se governa. Não coloquei nada. O povo não me conhece. Eu sou desconhecido. Como político ninguém me conhece. Eu estou em segundo lugar, isso é uma excelente notícia. Até onde me consta, nós temos aí dois ou três candidatos colocados. Eu não estou me colocando ainda e já estou em segundo lugar, claro que isso me entusiasma muito”, avaliou.

O prefeito de Belo Horizonte afirma que não vê problemas em deixar a decisão sobre uma candidatura para o último momento. “O governador de Minas está em campanha há dois anos. O presidente da República, desde que se sentou na cadeira, está em campanha. Do primeiro dia de governo até hoje. Então eu não acredito nisso. Sinceramente eu não acredito. Acho que, na hora que levantar e começar a rodar, cada um expõe suas ideias. Hoje, por meio de comunicação, com internet, a única coisa que os candidatos têm que colocar é a verdade, a sinceridade e o olhar humano. Esse povo está muito sofrido. Então eu não estou preocupado com o tempo. Estou preocupado com o conteúdo.”

Saúde e infraestrutura são colocadas como prioridade

O possível candidato ao Governo de Minas Gerais ainda avaliou sobre quais experiências desenvolvidas nos pouco mais de cinco anos em que esteve à frente da Prefeitura de Belo Horizonte poderiam fazer parte de uma possível gestão Kalil à frente do Estado. Sem se aprofundar em propostas, disse que é preciso definir objetivos e ter um plano de governo. “Eu tive um binômio em Belo Horizonte, que era infraestrutura e saúde.” Desta maneira, o prefeito de Belo Horizonte sinalizou que estes dois pontos podem ser alvo de atenção especial caso se coloque como candidato e chegue ao Palácio da Liberdade.

“Por exemplo, Juiz de Fora tem uma obra abandonada de um hospital desde 2017. Isso é inconcebível para um Governo sério. Uma cidade que recebe doentes de toda uma região está abandonada na saúde”, pontuou. Kalil ainda abordou sobre um problema muito questionado na região: a infraestrutura viária. “Se você pegar as estradas vicinais, se você pegar a infraestrutura do estado, ela está toda arrebentada. Então, nós temos que cuidar desse povo. Fazendo, simplesmente, uma organização de infraestrutura bem feita. Temos hoje um estado completamente arrebentado. O estado que tem a maior malha viária do país com os servidores do DER (Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais) em greve”, disse, citando a paralisação dos servidores estaduais deflagrada na última quinta-feira.

Durante toda a entrevista, Alexandre Kalil tentou demonstrar uma preocupação especial com a saúde. “A saúde é vital. O povo precisa dela. O SUS é um negócio importantíssimo para vida do brasileiro. Tem que ser valorizado. Então nós temos que ter esse binômio. Estou falando porque eu fiz isso na minha cidade. Na minha cidade não falta remédio. Na minha cidade tem 36 postos de saúde já prontos e novos. Até o final do ano, vamos entregar 44. Entendeu? Vão dizer: ‘ah, mas você está prometendo?’. Não, eu fiz. Eu sei fazer. Eu sei pegar o orçamento da saúde e colocar na saúde. Eu sei qual é a importância disso quando você chegar com o seu filho doente, com a sua mãe doente, com seu marido doente, com a sua mulher doente. Isso não é brincadeira, gente. Isso é um olhar humano. Nós temos que governar com o coração”, considerou.

Prefeito se diz ‘feliz’ e se coloca como parte da ‘nova política’

O prefeito de Belo Horizonte também usou um jargão muito repetido nas últimas eleições e diz que, ele próprio, é adepto da “nova política”. “Nós temos uma visão sobre infraestrutura, saúde e cuidar das pessoas. Com toda a minha humildade modéstia, eu falo o seguinte: eu descobri que eu posso cuidar das pessoas. Eu descobri na vida política que eu posso tomar conta de quem me elegeu. Então, essa é a nova política”, avaliou. Para o possível candidato, o eleitor anseia por um olhar mais humano de seus governantes. “Quem não governar com o coração nesse país, vai cair nessa politicagem deslavada; nessa mentirada; nessa placidez de autoridade. Isso o povo não quer. O povo não quer autoritarismo, não. O povo quer liderança. É isso que o povo de Minas está querendo hoje.”

Neófito no meio político até 2016, quando se lançou candidato e se elegeu pela primeira vez prefeito de Belo Horizonte antes de ser reeleito em 2020, Alexandre Kalil se disse feliz com sua trajetória política até aqui. “Tenho tido muito mais alegria, sabe? Ajudar é muito legal. Cuidar é muito legal. Tomar conta das pessoas é muito legal. Não é mole imaginar que um milhão de pessoas foram às ruas, depois de quatro anos de mandato, para votar em você. Então, eu acredito que a nova política, a política que todo mundo fala que é nova, mas ninguém sabe o que é, é uma política de entrega e de proteção. É uma política de cuidado. Eu digo sempre que o povo, o pobre principalmente, não teve oportunidades”, afirmou.

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