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Cerca de 200 pessoas, entre simpatizantes do ex-presidente Lula e oposição ao Governo, estiveram ontem em frente à Câmara Municipal de Juiz de Fora para manifestar reação à condução coercitiva de Lula pela Polícia Federal. Com ânimos exaltados, houve troca de provocações e ataques verbais entre os dois grupos. Um pequeno tumulto ao final da manifestação foi contido pela Polícia Militar (PM), que mantinha 20 homens em patrulhamento no local.
Inicialmente, o movimento foi organizado pelo diretório municipal do PT em resposta à convocação do presidente nacional do partido, Rui Falcão, para que a militância realizasse atos de solidariedade ao ex-presidente em todo o país. Na cidade, cerca de 150 pessoas participaram da manifestação munidos de cartazes e entoando gritos de apoio, conforme estimativa da PM. O grupo reuniu representantes do PT, PSC e movimentos sociais . A deputada federal petista Margarida Salomão também esteve presente no local, onde discursou sobre a necessidade de defender a democracia no país.
Por várias vezes, o discurso da deputada foi interrompido por gritos da oposição. Cerca de 40 pessoas, de acordo com a estimativa da PM, mostraram insatisfação ao apoio a Lula. O grupo foi reunido por líderes da Juventude do PSDB e do Movimento Brasil Livre (MBL). “Queremos um Brasil justo, honesto e competente. O que aconteceu hoje veio provar que estamos caminhando para isso, e que a Justiça é para todos”, declarou o presidente da Juventude do PSDB, Arthur Arantes. “O povo acordou. Nós não vamos deixar o PT defender roubos e desmandos do Lula”, afirmou o coordenador do MBL, Emílio Machado.
Para o presidente do Diretório Municipal do PT, Gilliard Tenório, a presença da oposição foi considerada “natural”. “Sabíamos que esse tipo de manifestação ocorreria”, disse. “O momento é de luta, e, por isso, convocamos todos que prezam pelo Estado democrático de direito para estarem aqui hoje.”
Petistas e lideranças de esquerda se reúnem para definir ações
Durante a tarde de ontem, cerca de 50 pessoas estiveram na sede do Sindicato dos Bancários para delimitar ações em apoio ao ex-presidente. Na avaliação do vereador Wanderson Castelar (PT), a condução coercitiva de Lula dá sequência a uma tentativa de golpe da oposição. “Se não houve nenhuma convocação para depoimento e nenhuma reação a isso, podemos dizer que o que ocorreu com o ex-presidente foi um sequestro”, disse. “Isso só deixa claro a tentativa de golpe à democracia.”
Análise semelhante foi feita pelo coordenador do Sindicato dos Professores (Sinpro-JF), Flávio Bitarelo. “O que aconteceu foi uma tentativa de intimidação para atingir o PT com braços do judiciário e da mídia. Não podemos aceitar esse ataque ao Lula. Nossa história tem mais tempo de autoritarismo do que democracia, o que aconteceu foi arbitrário à lei, um abuso de poder.”
Para o vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Regional Zona da Mata, Reginaldo de Freitas Souza, é preciso diálogo e a união da classe trabalhadora. “Temos que estar juntos para defender a nossa democracia. Vamos denunciar, nos mobilizar, ir para as ruas, pois esta afronta não pode ocorrer. Não vivemos mais na ditadura.”
Em nota, o Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora declarou que “Lula escreveu seu nome na história desse país com projetos que aceleraram e transformaram a nossa democracia”. O texto diz, ainda, que “é preciso responsabilidade. Não se faz justiça escolhendo quem serão os culpados. O prejuízo institucional é enorme.”